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Santander espera ano recorde para ofertas de ações brasileiras

16 jan 2020, 10:03 - atualizado em 16 jan 2020, 10:04
Mercados Ibovespa 3
Para o banco, o número de IPOs deve saltar de cinco para 20 em 2020 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Depois de um ano bastante ativo para ofertas de ações, que dispararam impulsionadas pela Selic na mínima, vendas de participações do governo e otimismo com a retomada, o Banco Santander Brasil (SANB11) projeta um 2020 ainda melhor.

O banco “tem uma visão ainda mais otimista” para o ano, vendo R$ 200 bilhões em volume de ofertas, segundo André Rosenblit, head de equities do Santander Brasil. O número de IPOs deve saltar de cinco para 20, a bolsa deve superar os 130 mil pontos e a migração da renda fixa para variável deve continuar, disse ele, em entrevista.

Com os estrangeiros ainda cautelosos com o Brasil, investidores locais foram os grandes responsáveis pelo avanço de 32% do Ibovespa em 2019, o quarto ano seguido de alta. Pessoas físicas depositárias na B3 (B3SA3) somavam 1,6 milhão até novembro, número que praticamente dobrou em relação aos 800.000 registrados no final de 2018, “e esse número tende a crescer de forma ainda mais acelerada”, diz.

O Brasil ainda está muito atrás dos demais emergentes nessa área. Em alguns emergentes a média dos que investem em ações é de 5% da população — no Brasil, não chega a 1%, segundo o executivo. Na Índia, por exemplo, há mais de 6 mil empresas listadas, no Brasil são 400, diz ele.

B3 prometeu ser “mais agressiva” para atrair pessoas físicas e disse estudar medidas como redução de tarifas de depositária e ações, disse o presidente Gilson Finkelsztain, a jornalistas em dezembro.

“Estamos investindo bastante energia para aumentar esses números, Brasil ainda precisa crescer na cultura da renda variável”, disse Flavia Mouta, diretora de emissores da B3, em entrevista por telefone.

Do valor recorde de R$ 200 bilhões que o Santander espera para 2020, quase metade deve vir de empresas do governo — entre participações do BNDES e unidades da Caixa. Outros quase R$ 100 bilhões virão do setor privado: 20% das áreas de consumo, varejo e alimentação, 20% do setor de óleo e gás, 15% de elétricas e utilities, 15% do setor financeiro e 10% do setor de saúde, nas estimativas do banco.

Esta semana, a Mitre Realty Empreendimentos e Locaweb deram detalhes de suas ofertas, que devem precificar em 3 e 4 de fevereiro, respectivamente. Entre as empresas que também devem estrear na bolsa estão Banco Votorantim, Caixa Seguridade e o Madero — esse último tem planos de abrir capital nos EUA.

BMG
As empresas Neoenergia, Vivara Participacoes, C&A e Banco BMG estrearam no mercado brasileiro em 2019 (Imagem: Youtube/BMG)

Em 2019, Grupo SBF, Neoenergia SA (NEOE3), Vivara Participacoes SA (VIVA3), C&A Modas Ltda (CEAB3) e Banco BMG SA (BMGB4) estrearam no mercado brasileiro. O total levantado com ofertas no ano passado foi de 115 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg, mais de 200% maior do que o montante de 2018. Foi o maior volume desde 2010, e o maior número de ofertas já registrado, com 64 transações.

“A memória da taxa de juros alta ainda existe, mas isso acabou. Gestores e investidores têm de aprender a lidar com mais risco”, disse Rosenblit.

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