Sanepar: o que está por trás da criação das units?
A venda de uma fatia do governo do Paraná na Sanepar pode estar por trás da decisão da empresa em criar “units”, conforme anunciado pela empresa de saneamento na semana passada. Esse tipo de ativo é como um “pacote” que une ações preferenciais e ordinárias abaixo de apenas um código. No caso da Sanepar, seria algo como um papel SAPR11.
O governo possui 90% das ações ordinárias, que não tem liquidez. Como uma lei exige a manutenção de no mínimo 60%, uma alienação corresponderia a até 45 milhões de ações ordinárias.
“A eventual criação das units seria então uma saída para vender o excesso em relação ao mínimo exigido para controle, podendo ocorrer uma conversão parcial de ordinárias por preferenciais, enquanto, ao mesmo tempo, minoritários poderiam converter parte das preferenciais em ordinárias”, avaliam os analistas do Bradesco Francisco Navarrete e Aloisio Lemos.
Reação
Os analistas avaliam que, a princípio, a notícia foi mal recebida por significar um fluxo de novas ações entrando no mercado. Isso poderia se traduzir em uma pressão baixista para os papéis. “No entanto, qualquer resposta final dependeria dos termos do acordo, que os minoritários poderiam rejeitar”, ressaltam Navarrete e Lemos.
O Bradesco lembra, contudo, que o Paraná não pode se desfazer a um preço abaixo do patrimonial, que estaria em R$ 9,90. As ações preferenciais terminaram a sexta-feira cotadas a R$ 10,30 e as ordinárias a R$ 9,20. A recomendação de compra foi mantida, com um preço-alvo para as SAPR4 em 21. O potencial de valorização chega a 103%.