Samsung pode dar pista sobre impacto de Covid-19 em tecnologia
Quando o comando da Samsung Electronics conversou com analistas na última teleconferência sobre o balanço, grande parte dos comentários girou em torno de a empresa finalmente conseguir superar anos de estagnação. Isso foi em janeiro, antes de o Covid-19 virar a economia global de cabeça para baixo.
Agora, executivos tentam avaliar os estragos.
No curto prazo, o negócio mais lucrativo da Samsung se beneficia do salto da atividade on-line com os milhões de pessoas confinadas em casa, o que impulsiona a demanda pelos chips de memória que ajudam a alimentar centro de dados e serviços em nuvem.
Mas, se a pandemia persistir no segundo semestre – o pior cenário -, a gigante da tecnologia acredita que não conseguirá cumprir suas projeções de crescimento de receita para 2020 em uma porcentagem de dois dígitos, segundo pessoas a par das discussões.
A Samsung divulga resultados preliminares na terça-feira e será uma das primeiras grandes empresas de tecnologia a mostrar como a pandemia afetou o setor globalmente nos primeiros três meses de 2020.
Sendo a maior fabricante mundial de chips de memória, celulares, telas e eletrodomésticos, a gigante coreana está exposta aos choques econômicos do Covid-19 como poucas outras empresas de tecnologia.
O novo coronavírus já obrigou a maior empresa coreana a fechar fábricas em Gumi, na Coreia do Sul, e na Índia, um custo equivalente a dias de produção perdida.
Embora as projeções apontem para crescimento da receita no primeiro trimestre, a questão é se o aumento inicial na demanda por semicondutores pode compensar um impacto do que poderia ser o pior choque econômico global em pelo menos uma geração.
“Estamos realmente em águas desconhecidas, pois o setor de tecnologia em geral continua a crescer, talvez a taxas variadas, mas não vimos uma desaceleração global de base ampla como a que estamos esperando”, disse Robert Maire, presidente da Semiconductor Advisors, em Nova York.
A demanda por chips em particular “provavelmente não será tão robusta quanto poderia ter sido, já que a demanda por dispositivos que usam semicondutores, como smartphones, TVs e eletrônicos de consumo, será reduzida pelo impacto econômico negativo”.