Salles defende “boi bombeiro” e queimadas preventivas para evitar incêndios no Pantanal
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu a mesma posição da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, sobre a necessidade do aumento da criação de gado no Pantanal como uma das maneiras de evitar incêndios de grandes proporções, o que chama de “boi bombeiro”.
“Nós concordamos. Ouvimos de várias fontes diferentes sobre a necessidade de haver um reconhecimento do papel da criação de gado no Pantanal, uma vez que o gado também contribui para diminuir o que há de excesso de matéria orgânica. O capim, enfim, o pasto que ele ajuda a reduzir”, disse Salles em audiência pública na comissão provisória do Senado que analisa as queimadas no Pantanal.
Na semana passada, Tereza Cristina foi criticada por defender que o gado come a matéria orgânica seca que fica acumulada no bioma e reduz o risco de fogo nas épocas de seca.
Salles defendeu ainda o uso das queimadas preventivas, o chamado fogo frio, como outra forma de limpeza dessa massa orgânica seca acumulada.
O ministro do Meio Ambiente credita as queimadas intensas no Pantanal –que este ano registraram os maiores índices desde 1998, quando começou o registro– à seca recorde na região e ao acúmulo dessa folhagem seca. Já investigações da Polícia Federal apontam para indícios de incêndios criminosos.
Segundo Salles, foram criadas áreas no Pantanal onde não se pode ter pecuária e também foi proibido o uso das queimadas que ele chama de preventivas –uma das queixas dos produtores rurais da região–, o que teria levado ao aumento da massa orgânica.
“Ar mais quente e mais seco com volume excessivo de massa orgânica fica um fogo de grandes proporções. Se tivéssemos tido o manejo do fogo frio no momento adequado, a manutenção da pecuária como uma das formas de manejo da vegetação, o emprego adequado no momento certo do retardante de fogo… todas as questões são importantes”, afirmou.
O ministro voltou a criticar ambientalistas e ONGs que, segundo ele, só querem ouvir um lado da ciência.
“O que a gente tem visto em muitos casos é uma seleção de alguns que se dizem porta-vozes da ciência, quando a ciência tem muita gente com opiniões com visões distintas”, afirmou. “O que não pode haver é um suposto grupo de cientistas com uma visão unilateral, só uma visão, em geral uma visão que é pela proibição de tudo.”