Coluna do Einar Rivero

Saldo negativo de R$ 33 bilhões: A revoada dos investidores estrangeiros na B3

06 maio 2024, 15:21 - atualizado em 06 maio 2024, 15:21
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Os investidores estrangeiros, que respondem por 54,7% do volume financeiro movimentado na B3 em 2024, retiraram cerca de R$ 33 bilhões do mercado até o final de abril. (Imagem: Pixabay)

A bolsa paulista B3 enfrentou um primeiro quadrimestre turbulento em 2024, registrando o terceiro pior desempenho desde 2010.

O Ibovespa (IBOV), principal índice da bolsa, caiu 6,16%, enquanto o dólar Ptax registrou uma valorização de 6,83% no mesmo período. Esses números revelam um mercado que lida com incertezas e uma saída significativa de capital estrangeiro.

Os investidores estrangeiros, que respondem por 54,7% do volume financeiro movimentado na B3 em 2024, retiraram cerca de R$ 33 bilhões do mercado até o final de abril, quase o equivalente ao valor de mercado da Raízen (RAIZ4), uma das maiores empresas de energia do país.

Esse comportamento sinaliza uma fuga de capital estrangeiro que se repetiu ao longo dos quatro primeiros meses do ano, culminando em abril, quando o saldo de saída foi de R$ 11,1 bilhões, próximo ao valor de mercado da M. Dias Branco (MDIA3), uma das principais companhias do setor de alimentos.

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(Fonte: Einar Rivero)

Como a saída de investidores estrangeiros impacta o Ibovespa

Esse fluxo de saída do capital estrangeiro tem um impacto profundo no mercado brasileiro. A liquidez diminui, tornando as negociações mais difíceis e aumentando a volatilidade.

Com menos capital estrangeiro, os spreads entre preços de compra e venda aumentam, e o Ibovespa reflete uma queda generalizada, sinalizando a falta de confiança no mercado. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar, impulsionada pela saída de investidores estrangeiros, pode afetar a economia como um todo, já que o custo das importações sobe e o investimento externo direto pode ser desincentivado.

O cenário atual evoca memórias da turbulência enfrentada em 2020, quando a pandemia de Covid-19 derrubou mercados em todo o mundo. Naquele ano, o Ibovespa caiu 30,39% no primeiro quadrimestre, enquanto o dólar Ptax subiu 34,64%. Embora a situação em 2024 não seja tão drástica, a tendência de saída de capital estrangeiro não pode ser ignorada.

Os impactos dessa revoada de capital estrangeiro são amplos. Além da diminuição da liquidez e do aumento da volatilidade, empresas brasileiras podem ter mais dificuldades para captar recursos, afetando investimentos e geração de empregos. Esse quadro, por sua vez, eleva a percepção de risco no mercado brasileiro, gerando um círculo vicioso de incertezas que pode afastar ainda mais investidores.

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Manter e atrair investidores estrangeiros é crucial para a estabilidade e o crescimento da B3 e da economia brasileira.

Para reverter essa tendência de fuga, é necessário restaurar a confiança e oferecer um ambiente de negócios mais seguro e atrativo. A adoção de práticas globais de governança corporativa e a implementação de reformas econômicas são passos fundamentais para reconstruir essa confiança. Afinal, como sabemos, o capital é tímido e sempre busca o porto mais seguro.