Investimentos

Salários de traders dobram em nicho do mercado de combustíveis

24 abr 2022, 8:00 - atualizado em 20 abr 2022, 20:37
etanol
Durante décadas, negociar gorduras era um nicho, uma parte obscura do negócio de commodities que não chamava a atenção (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

No mercado de trabalho americano mais aquecido em décadas, a profissão mais quente do momento pode ser trader de gorduras. Isso mesmo gorduras animais. E graxas também.

Esses são ingredientes essenciais na produção de diesel ecológico, um negócio que cresceu repentinamente à medida que gigantes de combustíveis fósseis como Exxon e Chevron correm para reduzir suas emissões e aproveitar incentivos como os estabelecidos pela Califórnia e Canadá.

Os preços dos óleos vegetais, óleo de cozinha usado e gorduras dispararam e, com eles, também os salários dos traders que conseguem obter as quantidades maciças necessárias para produção de biocombustível.

É um trabalho que exige muitos relacionamentos com fazendeiros, donos de restaurantes e gerentes de plantas de processamento em todo o país.

Poucos operadores têm listas de contatos grandes o suficiente, e aqueles que têm agora chegam a ganhar US$ 800.000 por ano.

Isso pode não se comparar, é claro, ao dinheiro que um operador de títulos de Wall Street pode ganhar, mas para um especialista em óleo vegetal, isso é o dobro ou até o triplo do salário normal.

Durante décadas, negociar gorduras era um nicho, uma parte obscura do negócio de commodities que não chamava a atenção.

“Eles eram apenas os caras dos resíduos”, disse Patrick Bowe, executivo-chefe da The Andersons, uma empresa de comercialização de safras de 75 anos com sede em Maumee, Ohio. Agora, diz, “eles têm os melhores empregos”.

O próprio Bowe recentemente montou uma mesa apenas para comercializar esses ingredientes.

O mercado de óleo de cozinha usado nos EUA saltou de cerca de US$ 700 milhões há uma década para US$ 2,5 bilhões este ano (Imagem: Reuters/Mohamed Abd El Ghany)

Used cooking oil is collected from of a drum.

Além de as grandes petrolíferas embarcarem na onda do diesel verde, mais empresas fazem planos para atingir emissões líquidas zero até a metade do século, e o uso crescente de biocombustíveis é fundamental.

A tendência aumenta a demanda por óleos vegetais, e os preços de óleo de cozinha usado e gorduras animais atingiram níveis sem precedentes no ano passado, segundo David Elsenbast, presidente da AgriBio Consulting, especializada em ajudar os clientes a navegar nessas cadeias de suprimentos.

O mercado de óleo de cozinha usado nos EUA saltou de cerca de US$ 700 milhões há uma década para US$ 2,5 bilhões este ano, estima Elsenbast.

A disputa por essas matérias-primas usadas na fabricação de biocombustíveis provavelmente se intensificará à medida que a guerra na Ucrânia afeta o comércio mundial.

Embora o setor agrícola e alimentar tenha muitos compradores e vendedores de óleos vegetais, óleo de cozinha usado e gorduras animais, apenas alguns poucos operadores nos EUA são hábeis em todos eles.

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