Saída de Moro: a única certeza é que a economia vai demorar mais para crescer
Os analistas de mercados e os investidores tentam digerir todas as consequências da saída de Sergio Moro do governo de Jair Bolsonaro. A reação é tão forte, que o Brasil é o mercado com a maior queda nesta sexta-feira (24).
Não se sabe o que virá pela frente, à medida que Bolsonaro ainda não anunciou os substitutos de Moro e de Maurício Valeixo, exonerado pelo presidente do comando da Polícia Federal e estopim da demissão do ex-juiz da Lava Jato.
A única certeza, segundo Ernani Reis, da Capital Research, é que “a curva de retomada do crescimento acaba de ficar muito mais longa, mesmo Moro não estando diretamente ligado às pautas econômicas”.
Em relatório enviado aos clientes e à imprensa, Reis observa que a demissão de Moro “pode colocar em xeque a governabilidade” de Bolsonaro – tudo o que o mercado não quer, num momento em que a pandemia de coronavírus joga o mundo numa profunda recessão, e o Brasil ainda tem reformas importantes pela frente.
Próximo da fila?
A saída de Moro azeda o humor dos investidores, também, porque gozava do status de “superministro” e era elogiado pelo presidente como um dos nomes que dava caráter técnico e seriedade ao seu gabinete.
Para Reis, os olhos se voltam, agora, para Paulo Guedes, ministro da Economia que desfrutava do mesmo prestígio, a ponto de ser chamado, durante a campanha, de “Posto Ipiranga” por Bolsonaro, numa alusão ao conhecimento econômico que Guedes teria para tocar o país.
“Tanto Guedes, quanto Moro representavam a promessa de uma equipe ministerial técnica e o frágil equilíbrio das forças de sustentação que apoiam a conturbada liderança de Bolsonaro”, afirma o analista.
Reis acrescenta que, para o mercado, a demissão do ex-juiz “pode significar o aumento da insatisfação e a perda definitiva da capacidade de articulação do presidente”. Para o analista, “o mercado precisa de alguma segurança e previsibilidade sobre as medidas que serão tomadas”, referindo-se à pandemia de coronavírus.