Boi

Sai Austrália, entram Estados Unidos: Brasil terá concorrente de peso em carne bovina na China

10 jan 2020, 10:38 - atualizado em 10 jan 2020, 11:12
Venda de carne suína em mercado em Pequim, China
Brasil deverá enfrentar a concorrência americana na China no setor de proteína bovina em 2020 (Imagem: REUTERS/Fang Nanlin)

A nota distribuída ontem (9) pelo BB Investimentos, recomendando cautela com o setor frigorífico, especialmente diante de algumas interrogações no flanco exportador à China, deve ser observada com realismo. Os chineses vão ter os Estados Unidos entre os fornecedores de carne bovina que, no mínimo, vão entrar no corredor que a Austrália talvez não atenda por completo em 2020.

Os embarques do Brasil podem não cair dos 25% do total de vendas externas de proteína de boi, salto de 40% em volume sobre 2018, mas ainda não está assegurada um novo repique desse tamanho.

A tarifa cobrada pelos chineses sobre a carne dos Estados Unidos deverá cair dos 37% a que foi elevada em junho de 2018, quando saiu dos 12% com a abertura da guerra comercial. Só nos primeiros cinco meses daquele ano, a receita dos exportadores americanos com os chineses ficou em torno dos US$ 442,2 milhões.

Outras taxas foram agregadas depois, expandindo a barreira tarifária a 47%. Hoje as vendas são marginais, de 9,3 mil toneladas.

Faz todo sentido a China ampliar os concorrentes brasileiros, para pagar mais barato, com o adicional de ‘agrado’ que precisa fazer dentro do acordo comercial com os Estados Unidos que se prenuncia oficial nos próximos dias. Além de uma boa recomposição dos estoques, como lembrou os analistas do BB Investimento em texto apresentado aqui em Money Times. A Argentina, sob um novo governo mais alinhado a Pequim, deverá expandir também suas vendas.

A Austrália vendeu em torno de 266 mil toneladas para o país asiático até novembro de 2019. Alta de 80%. Agora, segundo várias perspectivas, entre as quais a da Scot Consultoria, haverá um comprometimento pelos incêndios, tanto pelas mortes de animais (queimados e sacrificados), quanto pelas pastagens destruídas.

Certamente os Estados Unidos pegarão uma boa fatia, senão quase toda, porque a carne deles entra no nicho concorrencial da australiana, de cortes mais especiais.

Maior produtor mundial de carne bovina, passando das 12 milhões de toneladas, as exportações americanas se aproximaram de 1,3 milhão de toneladas o ano passado – em alta recorde.

Capacidade os produtores dos Estados Unidos possuem, ainda mais que o país vai erradicando o uso de hormônio de crescimento nos bovinos, o que inclusive facilitou a reabertura para eles do mercado europeu premium.

O Brasil, principal exportador, alcançou 1,8 milhão/t. A China/Hong Kong representou 822,5 mil/t, para US$ 3,5 bilhões.

Mas se a China não der um salto excepcional nas importações de carne brasileira, como ocorreu em 2019, o Brasil tem uma oportunidade na Indonésia, que deve abrir. E justamente mercado também bem atendido pelos australianos.

 

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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