Saga entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) pode não ter acabado; BTG (BPAC11) vê falta de clareza
A forma como a recente oferta de ações da BRF (BRFS3) se desenrolou indica que a saga entre a companhia e sua maior acionista, a Marfrig (MRFG3), pode não ter terminado, afirma o BTG Pactual (BPAC11).
No aumento de capital de 270 milhões de ações (total de R$ 5,4 bilhões) da BRF, a Marfrig subscreveu proporcionalmente sua participação de 32,98%, contrariando as expectativas de parte do mercado, que esperava que ela aumentasse sua participação.
Segundo o BTG, o movimento traz pouca visibilidade sobre o que esperar da BRF. Dúvidas quanto à participação da Marfrig na companhia, a influência que ela está disposta a exercer na gestão da BRF e a possibilidade de fusão voltam para a mesa.
“O tempo continua a favor da Marfrig para decidir o que fazer a seguir, enquanto, para a BRF, a alavancagem é mais confortável, mas a visibilidade não”, comentam Thiago Duarte, Henrique Brustolin e Bruno Lima, em relatório divulgado nesta terça-feira (15).
Fusão ou aquisição?
O BTG não descarta a possibilidade de uma fusão entre BRF e Marfrig, algo que já foi considerado pelo mercado antes do aumento de capital.
“Com a Marfrig mantendo sua participação de 33,2% após a oferta, apesar de entendermos que poderia tê-la aumentado sem desencadear o poison pill (mecanismo de proteção do mercado de ações que impede a aquisição de uma empresa de modo hostil), acreditamos que uma fusão poderia voltar a fazer sentido”, dizem os analistas.
De acordo com o BTG, as duas empresas operando separadamente trazem benefícios “indiscutivelmente limitados” para um setor em transformação e com maior competição.
Na opinião do banco, uma simples troca de ações ajudaria a integrar o que se tornaria um “gigante global multiproteico”. A operação poderia trazer benefícios financeiros consideráveis em termos de custo de capital e volatilidade de margem ao longo dos ciclos, comenta.
“Detendo hoje cerca de 1/3 das ações da BRF, a Marfrig está em posição de exercer um controle significativo sobre como essa fusão ocorreria, principalmente após a eleição do novo conselho da BRF no próximo mês”, diz.
Em contraposição, o BTG acredita que é pouco provável que uma aquisição envolvendo as duas empresas aconteça. Se a Marfrig lançasse uma oferta para comprar todos os outros acionistas da BRF, o prêmio de 40% sobre o preço médio de R$ 22,90 por ação dos últimos 120 dias custaria R$ 23 bilhões, explica.
“Mesmo que as ações da BRF permaneçam nos atuais ~R$ 19 por muito tempo, ainda custaria à Marfrig mais de R$ 19 bilhões para comprar todos os ~720 milhões de ações pertencentes a outros acionistas”, completa o banco.
“Neutro” ainda
O BTG tem recomendação “neutro” tanto para Marfrig quanto para BRF, com preços-alvo de R$ 27 e R$ 25, respectivamente.
Apesar de verem a Marfrig com uma boa alocação de capital, os analistas acreditam que a companhia apresenta múltiplos mais elevados.
Já o rating “neutro” para a BRF é explicado pelas incertezas quanto ao rumo que a BRF tomará.
“A boa notícia é que o ciclo provavelmente melhorará este ano, apoiando nossa visão de que as margens podem se recuperar, enquanto receitas muito mais altas adicionam riscos de revisões positivas (números mais altos) para o Ebitda”, avalia o BTG.
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