Agronegócio

Safras vê replantio de soja por seca no Brasil e amplo atraso

19 out 2020, 11:53 - atualizado em 19 out 2020, 11:53
Soja
Segundo a consultoria, no mesmo período do ano passado, 19,5% das lavouras brasileiras de soja já estavam semeadas, enquanto a média dos últimos cinco anos para a época é de 17,3% (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

O plantio de soja 2020/21 no Brasil alcançou 6,1% da área esperada até o dia 16 de outubro, com expressivo atraso em relação a anos anteriores em função da falta de chuvas, o que deverá gerar também replantio em algumas áreas semeadas mais cedo no pó devido a problemas de germinação, disse nesta segunda-feira a consultoria Safras & Mercado.

No comparativo semanal, os trabalhos avançaram pouco, com aumento de somente 3,8 pontos percentuais em função das condições climáticas.

Segundo a consultoria, no mesmo período do ano passado, 19,5% das lavouras brasileiras de soja já estavam semeadas, enquanto a média dos últimos cinco anos para a época é de 17,3%.

“O que podemos dizer sobre a soja é que deve haver replantio de algumas áreas e que a safra deve começar a entrar no mercado um pouco atrasada”, disse o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque, em entrevista à Reuters.

Caso a semeadura estivesse em linha com a média histórica, a colheita ocorreria em bons volumes em janeiro, porém, com o atraso no plantio, a maior parte dos trabalhos começará em fevereiro.

“Também é possível que algumas áreas não sejam plantadas, mas seriam áreas pontuais”, acrescentou.

A Reuters informou anteriormente que a soja brasileira deverá entrar mais tarde no mercado no ciclo 2020/21, justamente em momento em que o Brasil precisava do produto mais cedo, para abastecer os mercados locais e de exportação.

Para atenuar a escassez, o governo isentou de tarifas temporariamente, na última sexta-feira, compras da oleaginosa de fora do Mercosul.

O plantio desta temporada tem sido puxado pelo Paraná, onde 20% das áreas foram semeadas. O número, porém, fica abaixo dos 36% registrados em 2019/20 e dos 39,4% referentes à média histórica, segundo a Safras.

O maior Estado produtor da oleaginosa no país, Mato Grosso, é também o mais atrasado no comparativo anual. A consultoria indica que somente 8% das áreas foram plantadas, ante 42% no mesmo período do ciclo anterior e 28,8% na média dos últimos cinco anos.

Maior atraso em 10 anos

Para a consultoria AgRural, o plantio está ligeiramente mais avançado, chegando a quase 8% da área projetada. Mas, ainda assim, o Brasil tem o maior atraso dos últimos dez anos, disse a empresa de análises nesta segunda-feira.

A expectativa da consultoria é que o levantamento que será fechado na próxima quinta-feira mostre avanço significativo do plantio devido às chuvas da semana passada.

“Não se espera, porém, que todo o atraso seja superado, pois a umidade do solo ainda está abaixo do normal em muitas regiões e as previsões ainda mostram irregularidade nos volumes e na distribuição das chuvas”, disse a AgRural em nota.

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