Safra recorde e câmbio podem reduzir inflação e fazer PIB do agro crescer mais de 9%, diz analista
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a safra 2022/2023 de grãos atinja 313,9 milhões de toneladas. Os dados foram publicados nesta quinta-feira (11), no 8º Levantamento da Safra de Grãos 2022/2023.
Se confirmado, o volume representa um crescimento de 15,2% em relação à 2021/22, o que representa um aumento de 41,4 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde na série histórica
Perspectivas para inflação
Na visão do pesquisador da FGV Agro, Felippe Serigati, a safra mais “robusta” de grãos nesta temporada pode resultar em redução da inflação sobre os preços dos alimentos.
“Devemos ver um aumento também para cana-de-açúcar e para produção de carnes, por conta do ciclo positivo do boi gordo, o que se traduz em um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio entre 8% e 9%, com projeções ainda mais otimistas”, explica.
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No entanto, apesar do maior volume de safra resultar em uma menor pressão sobre a inflação dos alimentos, Serigatti destaca que em anos anteriores de volumes recordes essa redução não se traduziu na prática.
“Em 2022 nós tivemos uma safra expressiva, maior do que 2021, só que a Guerra na Ucrânia jogou os preços das commodities nas alturas, o que, apesar do volume expressivo, não resultou em uma menor pressão inflacionária no Brasil, que não se trata de uma questão de inflação, e sim de conjuntura internacional”, diz.
Câmbio
Além desse fator, o comportamento do dólar no nosso mercado cambial também contribui com uma menor pressão da inflação, na avaliação de Serigati.
“Em 2020, olhando para um passado recente, nós tivemos uma safra grande e por isso a pressão de alimentos cedeu, já que de um lado, devido à pandemia, nós vimos uma forte escalada do câmbio. E as commodities são precificadas em dólar, com isso, quando trazemos esse preço para dentro da nossa fronteira, em reais, essa conversão é feita com base na taxa de câmbio vigente. Assim, se o câmbio cresce, os preços reais também sobem e pressionam a inflação de alimentos”, pontua.
Por fim, Serigati conclui que a combinação da taxa de câmbio atual, que orbita em R$ 5 por dólar, aliada a um cenário de estabilidade no cenário internacional e produção recorde no Brasil pode contribuir para uma menor pressão inflacionária dos alimentos.