Safra revisa frigoríficos, eleva BRF (BRFS3) para compra por dividendos, mas mantém preferência por outra ação
O Safra elevou sua recomendação para BRF (BRFS3) de neutro para compra, com novo preço-alvo de R$ 17,50 para R$ 29 (potencial de alta de 19,79%) e um rendimento de dividendos de 13,6% (35% retorno total).
Segundo o banco, a atualização se deve aos recentes resultados fortes e uma perspectiva positiva contínua para os spreads.
“A BRF tem apresentado resultados surpreendentes com uma expansão significativa da margem, impulsionada por um equilíbrio global de oferta e demanda, com ciclos favoráveis para o setor avícola e suíno”, explica Ricardo Boiati.
O analista diz que embora veja pouco espaço para uma expansão da margem, o momento de resultados deve sustentar um forte Ebitda e fluxo de caixa e permitir dividendos potencialmente altos, fazendo com que as estimativas de consenso pareçam muito conservadoras para 2024 e 2025.
Apesar disso, a instituição mantém a JBS (JBSS3) como sua principal escolha do setor devido ao seu sólido histórico de execução, diversificação e geração de fluxo de caixa livre.
O Safra elevou o preço da JBS de R$ 32 para R$ 50 (potencial de alta de 49,21%), com base em uma forte combinação de diversificação geográfica e de produtos, histórico de execução, geração sólida de fluxo de caixa livre, e impulso de ganhos favoráveis.
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“Os spreads de carne de frango e de porco devem impulsionar os resultados da Seara, PPC e dos EUA, enquanto as operações de carne bovina do Brasil e da Austrália se beneficiam de um suprimento favorável de gado.
Para o banco, os resultados positivos nessas regiões devem compensar as fracas margens da carne bovina dos EUA, pelo menos até meados de 2025.
“Adicionalmente, a possibilidade da proposta de dupla listagem se materializar no curto prazo representa uma interessante opcionalidade para o caso”.
Uma nova visão para os frigoríficos
Após uma forte recuperação dos lucros nos últimos trimestres, o banco vê uma perspectiva positiva contínua para o futuro baseada em um equilíbrio favorável entre a oferta e a demanda, custos sob controle e, consequentemente, altas coberturas proteicas.
O equilíbrio entre a oferta e a procura deverá permanecer favorável para as empresas de embalagem de carne, uma vez que a procura global de proteínas permanece robusta e não há sinais de aumento significativo da oferta.
Os preços dos grãos devem permanecer bem comportados, já que as colheitas recentes têm sido bastante robustas até agora (há um risco crescente da atual seca severa no Brasil impactando as próximas safras), especialmente no hemisfério norte.
Nesse cenário, o Safra elevou seu preço-alvo para Marfrig (MRFG3) de R$ 15 para R$ 19 (potencial de alta de 33,15%) e mantém sua recomendação de compra.
Os analistas seguem vendo uma equação de risco-retorno positiva, impulsionada pelo forte desempenho de BRF, que deve compensar as fracas margens em bovinos nos EUA, e a contínua redução de risco da tese da Marfrig devido às vendas de ativos e ao aumento do fluxo de caixa, já que deverá começar a receber dividendos da BRF.
“Além disso, uma potencial fusão entre ambas as empresas traz incertezas significativas, mas, se acontecer, não acreditamos em um resultado negativo para os acionistas da Marfrig”, pontua Boiati.
Quanto a Minerva (BEEF3), a instituição manteve sua recomendação neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 8 para R$ 7 (queda de 0,85% frente ao preço atual), já que ainda há incertezas em relação à consolidação dos ativos adquiridos da Marfrig.
“Esperamos que o ciclo atualmente favorável do gado comece a reverter em 2S24, já que vemos o abate de vacas se aproximando de um pico”.
Apesar de sua sólida execução com robusta geração de fluxo de caixa, o Safra vê um perfil de risco mais elevado para o estoque, considerando o aumento da alavancagem financeira após o pagamento integral dos ativos adquiridos pela Marfrig, especialmente se a reversão do ciclo bovino for confirmada.