Safra de café na área da Cooxupé crescerá em 2023, mas ainda não será recorde
A safra de café na área da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, deverá ser maior neste ano em relação a 2021 e 2022, mas ainda não será recorde, o que poderia acontecer em 2024, afirmaram representantes da organização de produtores que atua nas principais regiões cafeeiras do Brasil.
O presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, afirmou que o clima tem sido favorável para o desenvolvimento da safra deste ano, mas parte do cafezal ainda sofre efeitos da seca e geadas de 2021, que afetaram as últimas temporadas.
“Esta safra que vem deverá ser maior do que foi em 2021 e 2022, porém não é aquilo que nós desejávamos. Esperávamos que, passados dois anos de safras baixas, fosse uma safra bem maior do que vamos ter. Almejávamos sim até talvez uma safra recorde, mas infelizmente, diante de fatores climáticos, não vamos chegar lá”, disse Melo, em entrevista a jornalistas por videoconferência, enquanto a cooperativa realiza sua tradicional feira Femagri.
A cooperativa atua tradicionalmente no Sul de Minas Gerais, Cerrado mineiro, Média Mogiana Paulista e, mais recentemente, passou a prospectar café na Zona da Mata.
Melo afirmou que uma mensuração mais exata da safra só será possível entre março e abril, à medida que a colheita se aproxime.
“Neste momento o clima está ajudando, as lavouras estão bem robustas, bonitas, vigorosas, e que possamos ter para 2024 uma safra bem maior, esta é esperança do cafeicultor”, disse o presidente da cooperativa, ponderando que, além dos efeitos das geadas passadas ainda se fazerem presentes, os cafezais sofreram mais recentemente com chuvas de granizo e doenças fúngicas como a phoma.
O vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho, explicou que o café arábica gosta de temperaturas amenas como as registradas desde setembro.
“Isso fez com que os cafés, principalmente os de regiões mais baixas, que têm mais problema com seca, estejam melhores de carga, a florada vingou mais…”, disse ele.
De outro lado, os cafezais de regiões mais altas, que geralmente têm menos problemas de seca, tiveram frustração de florada.
“A florada foi boa, mas não teve bom pegamento (nas regiões mais altas), e teve mais problemas de doenças secundárias, como phoma…”, disse.
Mercado
Bachião Filho disse que a cooperativa espera ter um “bom recebimento” de café ao longo do ano, apesar da avaliação de a safra não ser recorde.
“A Cooxupé ampliou bastante nos últimos dois anos a área de atuação dela, dez unidades novas, mais de 2 mil cooperados que chegaram, e queremos manter uma participação na produção do cooperado dentro dos níveis dos últimos anos”, disse o vice-presidente da cooperativa, maior exportadora de café do Brasil.
Ele espera também que a produção volte à normalidade em 2024, para que o produtor venha a ter a “realidade” de 2020, quando a produção foi recorde, dando “segurança” para as negociações.
Já Melo comentou que os preços ainda são remuneradores, apesar de terem caído da faixa dos 1.300 reais a saca de 60 kg.
“Hoje estamos na faixa de 1.100 reais, entendemos que a remuneração ainda é positiva, porém é bom ressaltar que os custos têm sido elevados”, afirmou, ressaltando que é importante que o produtor participe dos melhores momentos do mercado.
Preços abaixo de 1.000 reais geram preocupação, notou o presidente da cooperativa, pois ficariam muito perto dos custos de produção.
“O produtor está um pouco apreensivo, por conta de mercado ele fica ansioso na esperança de preço acima do que está sendo praticado.”
Do lado positivo, Melo vê uma normalização dos problemas logísticos que afetaram as exportações de café do Brasil, o que implicará em redução de custos.
Acrescentou também que há certo otimismo, considerando os resultados da Femagri, que já bateram a meta de negócios de mais de 100 milhões de reais um dia antes do término do evento.
(Atualizada às 17:25)