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Menos uma estatal: Governo de SP lança oferta de ações da Sabesp (SBSP3) e pode levantar R$ 16,5 bi

21 jun 2024, 22:40 - atualizado em 22 jun 2024, 0:49
Sabesp
(Imagem: Facebook-Sabesp)

Sete meses após a aprovação na Assembleia Legislativa, a Sabesp (SBSP3) lançou a sua oferta secundaria de ações, podendo levantar R$ 16,5 bilhões, considerando o valor de fechamento desta sexta (21), para a venda da participação do Governo do Estado de São Paulo na empresa em mais uma etapa de sua privatização.

Com uma oferta base de 191,7 milhões de ações e um lote suplementar de 28,8 milhões de ações, o valor de R$ 16,5 bilhões é apenas um indicativo de quanto o Estado poderia arrecadar com o negócio, já que o preço por ação será definido apenas em 18 de julho.

Diferente de outros processos de venda de empresas públicas, a operação foi dividida em duas etapas: a primeira para definir o investidor referência, que levará 15% da companhia e deverá ser mantida até 2030, conforme prazo de “lockup” fixado.

Nessa etapa, os dois melhores preços vão para o bookbuilding, com dois “books” abertos para o mercado. Segundo a Reuters, a empresa de saneamento Aegea e a Equatorial (EQTL3) estão entre os investidores interessados. O empresário Nelson Tanure também chegou a analisar a possibilidade.

De acordo com a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natalia Resende, o investidor de referência escolhido será divulgado em 16 de julho.

Os investidores apresentarão suas propostas ao longo da semana que vem, com a divulgação dos finalistas em 28 de junho, detalhou Resende a jornalistas nesta sexta-feira, durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

O “bookbuilding” ficou marcado para os dias 1º a 15 de julho, encerrando um dia antes da divulgação do investidor de referência escolhido.

Já a segunda etapa será de investidores minoritários, que, inclusive, poderá contar com a participação de pessoas físicas e jurídicas. Caberá a esses escolherem entre os dois ‘books’. Ou seja, no final do dia, não necessariamente o investidor estratégico que deu o melhor lance será o vencedor porque dependerá dessa escolha.

Segundo o governo, a estratégia foi utilizada para garantir a atração de investidores estratégicos comprometidos com a gestão da Sabesp.

Hoje, a empresa já opera por economia mista: o governo de São Paulo tem cerca de 50% das ações. Com a oferta, o estado ficará com cerca de 18% e o investidor estratégico 15%. O restante será dividido entre minoritários. Além disso, o estado também terá um golden share, ou seja, o direito de vetar decisões.

Aos 45 minutos do segundo tempo, a Sabesp também adicionou uma condição que dá direito ao “right to match”, dispositivo que permite ao investidor com menor preço ponderado, se tiver melhor book, igualar, na fase final, sua proposta à do concorrente e vencer a disputa.

A medida pode elevar ainda mais o ganho para o estado.

Na semana que vem, a empresa inicia seu “roadshow” internacional para apresentar seu modelo de oferta de ações e projetos de desestatização, concessões e parcerias do Estado, começando pelos Estados Unidos, e, na sequência, Europa e Brasil.

“Sempre no intuito de esclarecer, de tirar dúvidas, de mostrar todo o projeto que foi feito, explicar o modelo, na linha do que a gente já vem fazendo”, afirmou Resende.

A venda da Sabesp é vista como a ‘galinha de ovos de ouro’ do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, e uma das suas principais promessas de campanha. Desde que foi eleito governador, as ações da empresa de saneamento acumulam alta de 33%.

  • Sabesp fará oferta de ações para privatização: O que acontece agora? O analista Ruy Hungria comenta o que esperar da companhia e se vale a pena investir nas ações; assista ao Giro do Mercado clicando abaixo:

Os principais pontos da Sabesp

Por que privatizar?

O principal objetivo com a privatização é melhorar a eficiência e a capacidade de investimentos da empresa. Segundo o governo de São Paulo, com a venda, a Sabesp teria caixa para antecipar metas de universalização previstas no marco do saneamento.

O estado de São Paulo defende ainda que a não realização da desestatização traz possibilidade real de perda de relevância para a companhia. Seguindo a trajetória de resultados das licitações no setor desde 2019, a Sabesp perderá 50% dos contratos nos próximos 15 anos (2038).

Investimentos

Aprovado em dezembro do ano passado, o plano de investimentos prevê R$ 47,4 bilhões entre 2024 e 2028, que contempla o projeto de recuperação do rio Tietê, chamado de Integra Tietê. Porém, a cifra não inclui os efeitos do processo de privatização da companhia, que também prevê ampliação da área de concessão.

Até 2060, são previstos R$ 260 milhões em investimentos, sendo R$ 68 milhões para a universalização do estado de São Paulo até 2029. Já os índices de qualidade medirão as perdas de água na rede, a qualidade da água distribuída, vazamentos, reclamações de usuários.

Tarifas vão ficar mais cara?

No caso do reajuste, será realizado um modelo ‘pós-pago’, ou seja, primeiro a Sabesp realiza os investimentos e, então, serão considerados no cálculo da tarifa. Hoje o modelo ‘pré-pago’, ou seja, primeiro são considerados no cálculo da tarifa, e só depois são realizados os ajustes.

A expectativa do governo, inclusive, é que haja redução de até 10% nas tarifas social e vulnerável para famílias inscritas no Cadastro Único (CADÚnico) e para que tem renda familiar per capita entre R$ 218 e R$ 706 (meio salário mínimo).

Mais dividendos?

A Sabesp aprovou uma nova política de distribuição de dividendos, que passará a vigorar a partir da liquidação da oferta pública de distribuição de ações que marcará a privatização da empresa paulista de saneamento.

Conforme o documento, o pagamento de proventos para as ações ordinárias poderá ser maior do que os 25% do lucro líquido ajustado previstos atualmente.

Com informações da Reuters

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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