Esta ação pode chegar a R$ 111, segundo Bradesco BBI; vale a compra?
A privatização da Sabesp (SBSP3), diferente de outras estatais como Copasa (CSAN3) e Cemig (CMIG4), avança. Na última quinta-feira, 15, o Governo de São Paulo abriu consulta pública para discutir sua proposta para o novo contrato de concessão. Analistas gostaram do que viram.
De acordo com o Bradesco BBI, em relatório enviado a clientes na última sexta-feira (16), o contrato proposto traz detalhes sobre a nova regulamentação tarifária que será aplicado após a privatização, o que é fundamental para acessar o valor potencial da Sabesp privatizada.
“No que diz respeito ao novo regulamento pós-privatização, embora os principais detalhes ainda precisem de ser definidos (provavelmente com sugestões decididas durante o período de consulta pública), as novas regras tarifárias em geral parecem estar em linha com as nossas expectativas”, destacam os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França, que assinam o relatório.
Nos cálculos da dupla, privatizada, a Sabesp poderia atingir uma avaliação justa de pelo menos 1,20x EV/RAB (estimado para 2024). A recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 111, o que abre potencial de alta de 36% ante o último fechamento.
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Sabesp: Os pontos mais importantes
Pela nova regulação proposta, se indicadores de atendimento e qualidade ficarem abaixo das metas previstas, a tarifa cobrada pela empresa será reduzida, afirmou o governo estadual sem dar detalhes.
“Estamos invertendo a lógica e propondo que a empresa só tenha o valor dos investimentos incorporado na tarifa após realizá-los. Além disso, caso não os faça, será penalizada com abatimento na tarifa”, disse a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, em comunicado à imprensa.
Após a privatização da Sabesp a tarifa cobrada pela empresa será reduzida “de imediato e a longo prazo”, afirmou o governo estadual. A redução será bancada por meio de recursos do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo (Fausp), com direcionamento de 30% do valor de venda da Sabesp, “além dos dividendos da gestão paulista”.
“Vai ter uma redução de imediato na tarifa… e isso será sustentável ao longo do prazo de forma que a tarifa sempre fique abaixo da tarifa estatal”, afirmou Resende em coletiva de imprensa na noite desta quinta-feira. A previsão é que a primeira redução tarifária aconteça no segundo semestre.
Entre os pontos do documento que o Bradesco BBI destaca, está a atualização anual até 2035.
Isso significa que nos anos seguintes à privatização até o ano fiscal de 2035, todos os anos o RAB da Sabesp será atualizado para: o capex implantado no ano anterior, menos a depreciação relativa ao ano anterior e menos quaisquer baixas de ativos no ano anterior.
“[Isso é] fundamental, uma vez que o investimento em universalização da Sabesp a ser aplicado até a universalização em 2029 é muito elevado, e é estimado pelo estado de São Paulo em R$ 68 bilhões (moeda do ano fiscal de 2022)”, discorre.
Outro trecho importante, segundo o BBI, é que as despesas regulatórias também serão atualizadas anualmente durante o 1º e 2º ciclos de revisão tarifária (até o ano fiscal de 2035) para refletirem não apenas a inflação, mas também o crescimento do mercado da Sabesp (por exemplo, conexões e volume de vendas), à medida que a empresa continua investindo para alcançar a universalização.
“Este ponto é de grande importância, caso contrário, o benefício de fluxo de caixa da Sabesp de se tornar mais eficiente ao reduzir seu OPEX/unidade não seria totalmente capturado. Isso porque, apesar dos ganhos de eficiência, o Opex nominal/total da Sabesp após a privatização será impulsionado à medida que o seu mercado crescer, impulsionado pelo investimento acelerado na universalização”, destaca.
Por outro lado, o BBI classifica como crítica compartilhamento de ganhos de eficiência no primeiro ciclo de revisão tarifária, ou seja, a Sabesp manterá 100% dos ganhos de eficiência/cortes de despesas operacionais (sem compartilhamento com consumidores) no 1º ciclo de revisão tarifária, desde a privatização até dez/2030.
“A maior parte do VPL (valor presente líquido) à medida que a Sabesp se torna mais eficiente vem dos primeiros anos após privatização”, coloca.
Com Reuters