Comprar ou vender?

Sabesp e Copasa têm 6 semanas para não azedar humor dos investidores

21 nov 2019, 10:44 - atualizado em 21 nov 2019, 10:44
Estação da Sabesp
Contra o tempo: ações da Sabesp embutem expectativa de privatização (Imagem: Divulgação/Sabesp/Instagram)

Enquanto muitos brasileiros não veem a hora de sair de 2019, a Sabesp (SBSP3) e a Copasa (CSMG3) talvez desejem adiar a chegada do Ano Novo. O motivo é a dificuldade da Câmara dos Deputados de chegar a um acordo para a aprovação do Projeto de Lei 3261/19, que estabelece novas regras para o setor de saneamento e é fundamental para uma eventual privatização das companhias.

A venda das estatais paulista e mineira é um tema espinhoso, já que enfrenta fortes resistências políticas, mas agrada os investidores, que enxerga a privatização como uma promessa de maior rentabilidade. O problema é que, sem um acordo na Câmara até o fim do ano, o PL 3261/19 tem tudo para ficar às moscas no ano que vem.

Afinal, nenhum parlamentar gostará de discutir esse assunto, em ano de eleições municipais e com suas bases eleitorais cobrando explicações.

Nesta quinta-feira (21), a XP Investimentos ecoou a preocupação do mercado no seu relatório matinal. “Lideranças políticas temem riscos de atraso caso as discussões sobre o projeto de lei sejam adiadas para 2020, em virtude da proximidade com as eleições municipais. A aprovação do PL 3261/2019 é determinante para as teses de investimento de Sabesp e Copasa, duas empresas cujas ações negociam com base em expectativas de privatização.”

Embora o relator do projeto, deputado Geninho Zuliani (DEM-SP) afirme que o texto deve ser aprovado na primeira semana de dezembro, a XP Investimento lista uma série de questões ainda indefinidas e que podem melar a previsão do parlamentar.

Arestas

Há desavenças sobre o limite de participação de empresas privadas na prestação de serviços, o prazo para a universalização do saneamento no país, as regras de transição do atual para o novo marco regulatório, e os índices mínimos para renovação de contratos.

Outro ponto fundamental é que não basta apenas aprovar o projeto antes do fim do ano. Há um ponto considerado fundamental para os investidores e que, se alterado, vai reduzir as expectativas sobre as ações do setor. Segundo a XP, trata-se do parágrafo 1 do artigo 15.

Plenário da Câmara dos Deputados
Tempo contado: para analistas, se a Câmara não aprovar novas regras do saneamento neste ano, esquecerá o assunto em 2020 (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“Consideramos fundamental a manutenção na versão final do texto do trecho que prevê que a privatização das empresas estatais de saneamento não necessite da anuência dos titulares das concessões se não houver alteração no objeto e na duração dos contratos”, explica a gestora.

Na dúvida, a XP mantém uma posição cautelosa sobre a Sabesp e a Copasa. A instituição apresenta recomendação neutra para os papéis de ambas, e de compra para a Sanepar (SAPR4).

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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