Sabesp e Copasa têm 6 semanas para não azedar humor dos investidores
Enquanto muitos brasileiros não veem a hora de sair de 2019, a Sabesp (SBSP3) e a Copasa (CSMG3) talvez desejem adiar a chegada do Ano Novo. O motivo é a dificuldade da Câmara dos Deputados de chegar a um acordo para a aprovação do Projeto de Lei 3261/19, que estabelece novas regras para o setor de saneamento e é fundamental para uma eventual privatização das companhias.
A venda das estatais paulista e mineira é um tema espinhoso, já que enfrenta fortes resistências políticas, mas agrada os investidores, que enxerga a privatização como uma promessa de maior rentabilidade. O problema é que, sem um acordo na Câmara até o fim do ano, o PL 3261/19 tem tudo para ficar às moscas no ano que vem.
Afinal, nenhum parlamentar gostará de discutir esse assunto, em ano de eleições municipais e com suas bases eleitorais cobrando explicações.
Nesta quinta-feira (21), a XP Investimentos ecoou a preocupação do mercado no seu relatório matinal. “Lideranças políticas temem riscos de atraso caso as discussões sobre o projeto de lei sejam adiadas para 2020, em virtude da proximidade com as eleições municipais. A aprovação do PL 3261/2019 é determinante para as teses de investimento de Sabesp e Copasa, duas empresas cujas ações negociam com base em expectativas de privatização.”
Embora o relator do projeto, deputado Geninho Zuliani (DEM-SP) afirme que o texto deve ser aprovado na primeira semana de dezembro, a XP Investimento lista uma série de questões ainda indefinidas e que podem melar a previsão do parlamentar.
Arestas
Há desavenças sobre o limite de participação de empresas privadas na prestação de serviços, o prazo para a universalização do saneamento no país, as regras de transição do atual para o novo marco regulatório, e os índices mínimos para renovação de contratos.
Outro ponto fundamental é que não basta apenas aprovar o projeto antes do fim do ano. Há um ponto considerado fundamental para os investidores e que, se alterado, vai reduzir as expectativas sobre as ações do setor. Segundo a XP, trata-se do parágrafo 1 do artigo 15.
“Consideramos fundamental a manutenção na versão final do texto do trecho que prevê que a privatização das empresas estatais de saneamento não necessite da anuência dos titulares das concessões se não houver alteração no objeto e na duração dos contratos”, explica a gestora.
Na dúvida, a XP mantém uma posição cautelosa sobre a Sabesp e a Copasa. A instituição apresenta recomendação neutra para os papéis de ambas, e de compra para a Sanepar (SAPR4).