Sabesp avalia risco e retorno para saber se participa de leilão da Cedae
A Sabesp (SBSP3), maior empresa de água e saneamento do Brasil, avalia participação no leilão de ativos da companhia fluminense Cedae, afirmaram executivos nesta terça-feira.
O leilão da Cedae deve ocorrer no final de abril. Na semana passada, o secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Nicola Miccione, afirmou que a disputa pode gerar um ágio de 30% a 40% sobre o valor da outorga mínima de 10,6 bilhões de reais.
“Só vamos entrar (no leilão da Cedae) se tiver viabilidade financeira e se os riscos não forem tão grandes para a companhia”, afirmou o presidente da Sabesp, Benedito Braga Junior, em teleconferência com analistas e jornalistas. “Se tiver retorno importante, por que não?”, acrescentou.
No ano passado, a Sabesp participou do leilão de concessão de serviços de água e esgoto da região metropolitana de Maceió em conjunto com a Iguá Saneamento (IGSN3).
O consórcio apresentou a segunda maior oferta da disputa, vencida pela BRK Ambiental.
As ações da Sabesp exibiam alta de 0,4% às 13h58, enquanto o Ibovespa tinha ganho de 1%.
Braga afirmou ainda que a Sabesp está fortalecendo sua área de novos negócios, e contratou assessoria econômica e financeira para ajudá-la em eventuais oportunidades em saneamento, que recebeu impulso com o novo marco legal do setor no ano passado.
Questionado a revisão tarifária, em andamento na agência reguladora paulista Arsesp, Braga afirmou que a proposta atual “é boa” para a companhia e que a autarquia está avaliando o pleito da Sabesp sobre a necessidade de que a revisão econômica e financeira se dê com base em cada ano, em vez de considerar um período de vários anos.
“Tenho impressão que nós não deveremos ter um problema aí. O regulador vai olhar com cuidado esse ponto”, disse o executivo.
Ele afirmou que a proposta deve trazer de volta grandes consumidores ao mesmo tempo em que a companhia pretende dobrar o número de consumidores da tarifa social, voltada à baixa renda.
Na frente do projeto de despoluição do rio Pinheiros, um dos mais importantes investimentos da Sabesp, Braga afirmou que a companhia está andando mais rápido que o esperado e que a meta de ter o rio “em condições de uso de lazer e turismo” até o final de 2023 será cumprida.
A Sabesp tem um plano de investimento de cerca de 21 bilhões de reais até 2025, dos quais cerca de 13 bilhões serão dedicados à coleta e tratamento de esgoto. Em 2021, a previsão de investimento é de 4,17 bilhões de reais.
O diretor financeiro da Sabesp, Rui Affonso, afirmou que 2021 ainda será um “ano de transição”, em meio aos impactos da pandemia de coronavírus, e que isso ainda traz incertezas sobre o quadro de custos da companhia.
“Algo de home office nós manteremos…Mas totalmente home office, claro que não”, afirmou o executivo.
Segundo ele, a companhia mantém política de reduzir sua exposição cambial, mas sem perder oportunidades de custos menores apresentadas por organismos multilaterais, como a agência japonesa de incentivo ao desenvolvimento Jica e o Bird.
“A companhia nunca teve paixão por exposição (a dívida) em moeda estrangeira…A orientação geral é nos expormos cada vez menos à volatilidade cambial sem descuidar do acesso privilegiado a organismos internacionais”, afirmou Affonso.
O executivo afirmou ainda que os índices pluviométricos sobre as bacias que abastecem a região metropolitana de São Paulo “continuam abaixo da média histórica e inspiram atenção”. Porém, após obras de interligações, o nível de armazenamento de água dos mananciais “apresenta situação sob controle”.
Em março até esta terça-feira, a pluviometria sobre o sistema Cantareira, o principal da Sabesp, ficou 17,3% abaixo da média histórica de 176,2 milímetros, segundo dados da companhia.