Rússia X Ucrânia: quais seriam os impactos de uma possível invasão para o Brasil?
A eminência de um conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia começa a tomar as manchetes dos noticiários, à medida que a Casa Branca alerta que Moscou pode invadir seu país vizinho a qualquer momento.
Um barril de pólvora pode ser detonado a partir daí, trazendo reflexos inclusive ao Brasil.
Uma das reações mais imediatas caso o conflito aberto se confirme é a disparada do custo de energia, afirma Leonardo Trevisan, que é internacionalista e economista, formado pela ESPM.
Ao Money Times, Trevisan explica que a Ucrânia é a passagem mais sensível de gás natural à Europa.
A Alemanha, maior economia do continente, e que depende de um terço do gás russo, já busca costurar soluções com Moscou.
É evidente que o cenário para especulações ainda é bastante incipiente, sendo mais um “jogo de cena e pressão em que nessa missa a gente sabe pouco”, afirma o especialista.
Na esteira geopolítica, os Estados Unidos utilizam mais de artifícios para justificar sua entrada no conflito, enquanto a Rússia trabalha com fatos consumados e demonstrações de artilharia nas fronteiras com a Ucrânia.
Interesses
Trevisan afirma que ambos os lados (americanos e russos) já perceberam que são necessárias concessões na questão da Ucrânia.
Prova disso, é o fato do principal diplomata da administração Joe Biden tentar desarmar a crise com Moscou sobre a Ucrânia quando se encontrar com o chanceler russo em Genebra nesta semana, após visitas a líderes ucranianos em Kiev e a autoridades europeias em Berlim.
Outro personagem importante e menos óbvio no conflito é a China.
Para o especialista, o país asiático pensa em termos geoeconômicos. Os chineses são os principais compradores dos minérios ucranianos.
E a bolsa brasileira?
O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Viera, explica que o conflito gera impactos globais e o Brasil não ficará de fora. A principal reação dos mercados num primeiro momento é a valorização do dólar.
“Em meio às incertezas relacionadas ao conflito, os investidores deverão comprar dólar. No curto prazo, os preços do petróleo e do gás natural também sofrerão pressão altista”, argumenta.
Contudo, ainda não é possível dimensionar o que pode acontecer, na avaliação de Vieira.
É preciso observar qual será a extensão dos conflitos e como os países devem reagir à invasão da Rússia na Ucrânia.
Será que as ações de petroleiras listadas no Brasil, como a Petrobras (PETR4), poderiam se beneficiar da eventual alta do petróleo, que já segue acima de sua máxima em sete anos?
Para o especialista, o benefício da commodity pode ter o seu valor anulado. “A volatilidade nos mercados globais pode ser tamanha em meio aos conflitos armados, que nem mesmo as petroleiras sejam poupadas”.