Rússia fora do sistema Swift, entre as sanções potenciais, democratizaria o prejuízo mundial
Imagine os exportadores brasileiros terem de esperar os bancos russos desembaraçarem, diretamente com suas contrapartes daqui, a transferência dos recursos provenientes dos embarques para lá. Coloque o mundo nessa história se essa situação ocorresse, com a Rússia sendo excluída do sistema Swift, e que teria potencial para colapsar o seu comércio e o de muitas outras nações que negociam com o país.
Das sanções que poderiam ser aplicadas ao invasor da Ucrânia, a saída da Rússia dessa Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias (tradução da sigla em inglês) certamente seria a mais drástica, deixando o país de fora da circulação de informações financeiras e das transferências de moeda.
Mas empurraria um punhado de problemas econômicos em efeito cascata para o comércio global, uma vez que o sistema conecta em torno de 11 mil instituições financeiras de mais de 200 países, com transferências bancárias instantâneas e seguras.
“É difícil excluir a Rússia de vários acordos econômicos, entre os quais esse, e deverão haver muitas rodadas de negociações dentro do conjunto de medidas para sufocá-la econômica”, pensa Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Sistema russo
Demora, burocracia, risco de calote e por aí vai se a banca russa tiver que pagar e receber diretamente com cada banca mundo afora.
Dito isto, tirar o Swfit do jogo da Rússia deve estar na mesa do Instituto de Finanças Internacionais (IFF, do inglês), dos Estados Unidos e da Europa, mas é uma decisão de alcance tão dramático quanto desconhecido é o crash econômico internacional.
Não à toa, a Rússia vem tentando desenvolver um modelo parecido, desde que as sanções aplicadas ao país, em 2014 – dribladas facilmente – quando Vladimir Putin ensaiou o golpe final de agora, ao anexar a Crimeia.
Mas tem poucos, pequenos e inexpressivos participantes. Mesmo a China pouco o usa no comercio com a Rússia.
As restrições impostas no cenário atual e que devem aumentar, começam a ser vistas pelo IFF como severas, e que impactarão mais a economia interna do país, até que comecem a corroer as reservas cambiais, estimadas em US$ 640 bilhões, mais um outro tanto dos fundos soberanos.
Porém, chegar ao Swift é um passo tão arriscado quanto uma bomba atômica russa.