Rússia diz que EUA estão baixando o “sarrafo nuclear” com novas bombas na Europa
A Rússia afirmou neste sábado que a implantação acelerada de armas nucleares táticas modernizadas B61 dos Estados Unidos em bases da Otan na Europa reduziria o “sarrafo nuclear” e que a Rússia levaria a medida em consideração no seu planejamento militar.
A Rússia tem cerca de 2.000 armas táticas nucleares em funcionamento, enquanto os EUA têm cerca de 200 armas como essas, metade das quais estão em bases em Itália, Alemanha, Turquia, Bélgica e Holanda.
Em meio à crise na Ucrânia, o site Politico publicou em 26 de outubro que os EUA disseram em reunião fechada da Otan neste mês que acelerariam a implantação da versão modernizada do B61, o B61-12, com novas armas chegando às bases europeias em dezembro, muitos meses antes do que o planejado.
“Não podemos ignorar os planos de modernizar armas nucleares, aquelas bombas de queda livre que estão na Europa”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Gurshko, à agência de notícias estatal RIA.
A bomba de gravidade B61-12, de cerca de 3,5 metros de altura, carrega uma ogiva nuclear de menor rendimento que muitas versões anteriores, mas é mais precisa e pode penetrar o solo, segundo uma pesquisa da Federação de Cientistas Norte-Americanos publicada em 2014.
“Os EUA as estão modernizando, aumentando sua precisão e reduzindo o poder da carga nuclear, ou seja, eles transformam essas armas em ‘armas de campo de batalha’, reduzindo assim o sarrafo nuclear”, disse Grushko.
O Pentágono afirmou que não discutiria os detalhes do arsenal nuclear dos EUA e que a premissa do artigo do Politico estava errada, porque os EUA planejavam há muito tempo a modernização das suas armas nucleares B61.
“A modernização das armas nucleares B61 estão em andamento há anos, e planos para trocar, de maneira segura e responsável, armas mais velhas pelas versões atualizadas B61-12 fazem parte de um esforço de modernização programado e planejado há muito tempo”, disse o porta-voz do Pentágono, Oscar Seara.
“Não está de maneira nenhuma ligado aos eventos atuais na Ucrânia e não foi acelerado de maneira nenhuma”, disse Seara, em comunicado por e-mail.
A invasão da Rússia à Ucrânia gerou o mais grave conflito entre Moscou e o Ocidente desde a crise dos mísseis em Cuba em 1962, quando as duas superpotências da Guerra Fria chegaram mais próximo de uma guerra nuclear.
O presidente Vladimir Putin tem dito repetidas vezes que a Rússia defenderá seu território de todas as maneiras disponíveis, incluindo armas nucleares, se for atacada.
Os comentários geraram uma preocupação especial no Ocidente, após Moscou declarar no mês passado que havia anexado quatro regiões da Ucrânia cujas partes suas forças controlam. Putin diz que o Ocidente está fazendo chantagem nuclear contra a Rússia.
A bomba nuclear B61 dos EUA foi testada inicialmente em Nevada, pouco depois da crise dos mísseis em Cuba.
O desenvolvimento de uma nova versão da bomba, o B61-12, foi aprovada sob a presidência de Barack Obama, de 2009 a 2017.
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