Invasão da Ucrânia

Rússia amplia objetivos da guerra na Ucrânia enquanto retomada de gasoduto provoca tensão

20 jul 2022, 17:18 - atualizado em 20 jul 2022, 17:18
Dmytro Kuleba
O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que a Rússia rejeita a diplomacia e quer “sangue, e não conversa” (Imagem: REUTERS/Johanna Geron)

Os objetivos militares de Moscou na Ucrânia agora vão além da região de Donbass, no leste do país, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira, enquanto as forças do Kremlin bombardearam o leste e o sul da Ucrânia.

Lavrov disse à agência de notícias estatal RIA Novosti que as metas da Rússia serão expandidas ainda mais se o Ocidente continuar fornecendo a Kiev armas de longo alcance como os sistemas de artilharia de foguetes de alta mobilidade (HIMARS), fabricados nos EUA.

Os comentários, que constituem o mais claro reconhecimento até agora de que os objetivos da Rússia se expandiram ao longo dos cinco meses de guerra, vieram após Washington anunciar que via sinais de que Moscou está se preparando para anexar formalmente o território que tomou do país vizinho.

O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que a Rússia rejeita a diplomacia e quer “sangue, e não conversa”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enquanto isso, acusou a Rússia de “chantagear” a União Europeia com exportações de energia e anunciou um plano para reduzir a demanda por gás no bloco antes de um temido corte de fornecimento da Rússia com a chegada do inverno.

O presidente russo, Vladimir Putin, havia alertado anteriormente que o fornecimento de gás à Europa através do imenso gasoduto Nord Stream 1, que está fechado há 10 dias para manutenção, está em risco de ser reduzido ainda mais.

Lavrov é a figura de mais alto escalão a falar abertamente sobre os objetivos da Rússia na guerra em termos territoriais, cinco meses após Putin iniciar a invasão, em 24 de fevereiro, negando a intenção da Rússia em ocupar seu país vizinho.

À época, Putin disse que seu objetivo era desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia –uma declaração considerada por Kiev e pelo Ocidente como um pretexto para uma guerra imperialista de expansão.

Lavrov disse à RIA Novosti que a realidade geográfica havia mudado desde que os negociadores russos e ucranianos participaram de negociações de paz na Turquia no final de março, e que falharam em produzir avanços.

Naquele momento, disse, o foco era nas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk (RPD e RPL), entidades separatistas autodenominadas e apoiadas pelos russos no leste da Ucrânia e de onde Moscou já disse que quer expulsar as forças governamentais da Ucrânia.

“Agora a geografia está diferente, longe de ser apenas a RPD e a RPL, também há as regiões de Kherson e Zaporizhzhia, e alguns outros territórios”, disse, se referindo a territórios muito além do Donbass e que as forças russas tomaram completa ou parcialmente.

“Esse processo continua de maneira lógica e persistente”, disse Lavrov, acrescentando que a Rússia pode pressionar ainda mais profundamente.

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