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Rudá Pellini: o futuro das propriedades digitais

15 dez 2020, 10:48 - atualizado em 15 dez 2020, 10:48
Confira, neste artigo por Rudá Pellini, cofundador do Wise&Trust, como propriedades digitais podem ser um novo ramo de investimento (Imagem: Freepik/vectorjuice)

Com base nas minhas palestras e no livro, sempre me perguntam, “e aí, qual o futuro do dinheiro?”.

A minha resposta nunca é simples e, geralmente, vem acompanhada de uma explicação sobre o conceito das principais inovações que estão acontecendo no mercado financeiro e como a nossa relação com o dinheiro e investimentos mudará completamente.

Se tiver interesse, você pode conferir meu artigo sobre o tema com essa resposta aqui.

O fato é que a tecnologia está mudando rapidamente e causando um impacto muito profundo em diversos setores. O avanço da digitalização foi mais evidente em 2020, quando manter uma presença on-line e usar diferentes canais tornou-se imperativo para sobreviver em meio à crise do coronavírus.

Essa digitalização impactou em um aumento expressivo do consumo de serviços on-line e baseados em mobile, bem como direcionou investimentos expressivos de mídias tradicionais para mídias sociais, influenciadores e redes de anúncios.

De acordo com dados do portal eMarketer, publicados no portal Tech Crunch, a projeção para 2021 é que investimentos em canais on-line sejam 65% maiores do que em mídia tradicional nos Estados Unidos.

E o que tudo isso tem a ver com o futuro do dinheiro e a disrupção no sistema financeiro? Tudo.

Entender como será este avanço é entender onde estarão as futuras oportunidades e formatos de investimento.

Com o avanço da tecnologia, investir em dados e veículos 100% digitais vem se tornando uma realidade e, aqui na Wise&Trust, nosso papel é entender esses movimentos, estruturando investimentos no que serão as futuras inovações e disrupções.

Nos últimos meses, foram divulgados diversos movimentos de grandes players da indústria que adquiriram canais e empresas de mídia on-line, sites e publishers.

Com a geração de conteúdo cada vez mais descentralizada, reter a atenção do usuário tornou-se essencial, bem como trabalhar os dados para oferecer os melhores produtos e serviços virou uma questão de sobrevivência.

Um exemplo disso foi o anúncio do Grupo SBF (B3: CNTO3) — dono da marca Centauro e que, recentemente, adquiriu a Nike no Brasil —, sobre a aquisição do grupo de mídia NWB, dona do canal Desimpedidos, por R$ 60 milhões.

Ao adquirir os canais de distribuição de conteúdo, o grupo vai conseguir direcionar melhor seus anúncios e oferecer produtos de forma mais assertiva.

Se fôssemos fazer uma analogia, o Grupo SBF está comprando um ponto comercial no melhor lugar da cidade.

A loja da Apple, bem-posicionada em uma das avenidas mais movimentadas de Nova York, gera uma receita de US$ 350 milhões por ano (Imagem: Pixabay/noelsch)

Talvez você tenha ouvido falar da principal loja da Apple dos Estados Unidos, que fica na 5ª Avenida de Nova York e é icônica. Somente essa loja gera uma receita anual de mais de US$ 350 milhões para a Apple, ou seja, são cerca de US$ 330 mil por metro quadrado.

Para a Centauro, os canais de mídia do Desimpedidos são como a loja da Apple da 5ª Avenida. A partir de agora, sites e blogs, canais de YouTube e até perfis de Instagram serão vistos e analisados como “propriedades digitais”, com avaliação de rentabilidade por espaço e potencial de receita e crescimento.

A diferença é que existe uma limitação de quanto tráfego vai passar na 5ª Avenida e quantas pessoas entrarão na loja para comprar um iPhone, mas não existe um limite de pessoas que pode acessar um site ou um canal de YouTube, consumir um conteúdo e se tornar um cliente.

Assim, ao invés de fundos imobiliários tradicionais (como FIIs e REITs), teremos eFIIs e eREITS, que irão analisar esses portais e comprar essas propriedades, administrando-as e pagando dividendos sobre a receita.

Assim como já existem fundos imobiliários para investir em espaço de outdoors publicitários nos EUA, como é o caso do REIT da Outfront Media (OUT), acreditamos que, em breve, será possível investir em propriedades nativamente digitais da mesma forma.

E essa é só mais uma disrupção possível e que está muito próxima de acontecer.

Já pensou em investir em um “fundo imobiliário” de propriedades digitais? O que você acha da ideia?