Ruas da Cidade do México voltam a ganhar vida em meio à pandemia
As ruas da Cidade do México voltaram a ganhar vida no fim de semana. Residentes ignoraram as preocupações com o coronavírus e saíram em massa, mesmo com cemitérios em atividade intensa para enterrar mortos e hospitais cheios.
Rastreadores de caminhada e direção da Apple mostraram que o tráfego na Cidade do México se recuperou para níveis do fim de março, quando o governo federal fechou empresas não essenciais em resposta ao vírus.
Uma exceção: o uso de transporte público, incluindo ônibus, permanece baixo. A capital é o epicentro do surto de coronavírus no país.
O aumento da mobilidade coincide com mensagens conflitantes do governo federal sobre como e quando retomar as atividades.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, está atualmente em caravana pelo país, inclusive dirigindo da Cidade do México a Cancún, mesmo como o apelo do subsecretário da Saúde, Hugo López Gatell, para que as pessoas fiquem em casa. A partir desta terça-feira, governos estaduais poderão decidir as próprias medidas de reabertura.
“Quero deixar algo claro: a epidemia não termina hoje”, López Gatell disse em conferência de imprensa no domingo à noite. “É realmente importante continuar restringindo a mobilidade. Não estamos voltando ao normal, não estamos reabrindo todas as atividades. O perigo persiste.”
No domingo, o cemitério Panteón Dolores, na Avenida Constituyentes, tinha uma grande placa do lado de fora que dizia que o forno crematório está funcionando 24 horas.
Nos últimos dias, carros e pessoas faziam fila esperando para entrar no cemitério e participar de enterros. O México registrou 2.771 novos casos de coronavírus na segunda-feira, totalizando 93.435 infecções e 10.167 mortes.
Pouco mais de 25% dos casos do país estão na Cidade do México, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Dos 76 hospitais públicos da capital que atendem pacientes com Covid-19, mais da metade registra capacidade “média”, indicando disponibilidade de 50% a 89% de leitos.
Vinte e um informaram capacidade “crítica” e 14 tinham disponibilidade “boa” na escala de três etapas a partir de segunda-feira, de acordo com a cidade.
No geral, os hospitais da cidade operam com 80% de capacidade e os leitos de UTIs estão 65% cheios, segundo o Ministério da Saúde.
“A imagem ainda é sombria”, disseram analistas do JPMorgan Steven Palacio e Gabriel Lozano em relatório na segunda-feira. O México segue rumo à “saída”, apesar de as cidades ainda estarem combatendo a pandemia.