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Ronald Bozza: Principais questionamentos que os conselhos devem fazer sobre DEI

06 maio 2022, 10:16 - atualizado em 14 jun 2022, 11:32
Carreira, conselhos e empresas
Veja o que diz o especialista Ronald Bozza sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) para conselhos e empresas (Imagem: krakenimages/Unsplash)

As questões de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) estão no centro das atenções – e com razão. Empresas grandes e de ponta acompanham as principais métricas há vários anos, e o conceito tem se tornado prioridade para C-Levels e Conselhos de Administração em todo o mundo. Não se trata apenas de uma tendência. É uma vantagem competitiva.

Pesquisas mostram que empresas mais diversificadas oferecem lucratividade acima da média. Além disso, há um conjunto de evidências para apoiar que equipes diversas geram melhores ideias e tomam melhores decisões, e que organizações com DEI excepcional atraem e retêm os melhores talentos.

Muito embora diversidade, equidade e inclusão sejam frequentemente usadas em conjunto, o primeiro ponto a ser esclarecido é que representam três conceitos distintos.

A diversidade refere-se a uma representação equilibrada de gênero, etnia, idade, orientação sexual, entre outros fatores, caso das pessoas portadoras de deficiência, em todos os níveis da organização.

Já a equidade refere-se à justiça das práticas, especialmente remuneração igual para trabalho igual. E a inclusão refere-se a um ambiente onde todos os colaboradores têm senso de pertencimento e são valorizados.

Com isso, é possível descompactar o que os comitês de Pessoas e ou conselhos provavelmente precisarão saber sobre a DEI. Diante das dúvidas de empresas de todos os tamanhos e setores, destacamos as cinco principais perguntas que devem ser respondidas:

1. Quais são as nossas principais métricas de DEI, o que elas representam e que resultados estamos alcançando?

A resposta para isso deve estar em cada sumário executivo do DEI apresentado ao conselho, e deve ser o mais preciso e específico possível.

É importante que as empresas estabeleçam metas com prazo determinado, de preferência de três a cinco anos – perto o suficiente para ter uma linha de visão e ter prioridade, garantindo que as iniciativas implementadas hoje se consolidem.

Também é importante vincular essas metas de longo prazo aos principais indicadores de sua posição atual, como pipeline de talentos recebidos, taxas de atrito por gênero e etnia, equidade salarial e de promoção.

2. Como as tendências passadas levaram ao nosso estado atual e qual é o caminho para o futuro?

Esta é a seção mais intensiva de dados de um relatório de DEI do conselho. Aqui, você analisará e visualizará os dados históricos para revelar as tendências e, em seguida, usará essas observações para definir metas alcançáveis e também refletir a profundidade do desafio.

Uma armadilha para evitar: qualquer discussão que pareça uma desculpa ou justificativa (Ex.: Mr. “J”). Em vez disso, comunique o desafio e trace uma diretriz estratégica que aponte o caminho para alcançar o objetivo futuro.

3. Que iniciativas estão sendo realizadas neste momento para alcançarmos nossos objetivos futuros?

Responder a essa pergunta nos relatórios do conselho envolve listar as iniciativas específicas (ou tipos de iniciativas) que estão atualmente em andamento. Acrescente os resultados desejados da iniciativa e como o progresso está sendo acompanhado no momento.

Para a estrutura, é recomendável dividir as iniciativas por categorias como: Atração e recrutamento de talentos; Engajamento e inclusão de colaboradores; Equidade salarial; Desenvolvimento e retenção de talentos; Envolvimento da comunidade; e Programas de clientes e fornecedores.

4. O que nossos concorrentes (e o mercado em geral) estão fazendo e como nos comparamos a eles?

A maneira correta de responder a essa pergunta é compartilhar as metas que seus concorrentes de mercado estão optando por enfatizar e as métricas que estão usando para avaliá-las.

No entanto, os dados concretos sobre as práticas de DEI dos concorrentes são limitados – os que existem vêm de relatórios e sites de responsabilidade social corporativa das empresas, que variam em qualidade e conteúdo. Portanto, tente incluir análises qualitativas de sua rede e de seus consultores de confiança.

5. O que nossos acionistas e outras partes interessadas estão dizendo?

Como uma característica fundamental do cenário ambiental, social e de governança (ESG), as questões de DEI vêm ganhando força entre os investidores institucionais – uma tendência que parece provável que continue. Mas os acionistas não são o único eleitorado que importa.

Sugerimos enquadrar a resposta a esta pergunta a partir de pelo menos quatro perspectivas: (a) o que os acionistas estão dizendo em suas discussões recorrentes de divulgação; (b) o que consultorias especializadas ou o Comitê de Sustentabilidade, estão relatando; (c) feedback dos colaboradores por meio de pesquisas regulares e ponderadas; e (d) relações com a comunidade a partir de canais informais e formais.

Diante dessas questões fica claro que métricas e análises são essenciais para responder a todas essas perguntas sobre o DEI. Elas também ajudam a estabelecer as bases para insights e estratégias mais avançadas.

Categorias como orientação sexual, status de deficiência e religião geralmente carecem de dados prontamente disponíveis, sendo as variáveis gênero e raça as mais comuns. No entanto, esses dois itens podem fornecer muitas informações.

À medida que as revisões de ESG e DEI em nível de diretoria se tornam mais rotineiras, a administração precisa revisar as métricas com mais frequência para acompanhar as mudanças e tendências, assim como qualquer outra métrica de negócios importante.

A automação é fundamental para criar com eficiência relatórios mensais e painéis que revelam tendências e problemas potenciais desde o início. Em suma, o ditado “você não pode gerenciar o que não mede” soa mais verdadeiro do que nunca para alcançar objetivos de diversidade, equidade e inclusão.

Ronald Bozza é sócio da BR Rating e da Bozza Soluções Estratégicas em Recursos Humanos, membro independente do Comitê de Pessoas e ESG e da Comissão de Pessoas do IBGC.

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