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Ronald Bozza: Incentivos por ESG devem fazer parte do pacote de remuneração

17 jan 2022, 14:30 - atualizado em 14 jun 2022, 11:35
No Brasil, o movimento iniciou de forma mais acentuada ainda no 1º semestre de 2020 em algumas poucas empresas e, hoje, o assunto é discutido de forma mais ampla em diversas organizações (Imagem: Noah Buscher/Unsplash)

As organizações estão repensando e ajustando seus modelos de remuneração quando se trata de projetar planos de incentivos para executivos com o tema ESG (Enviroment, Social and Governance) ou em português ASG (Ambiente, Social e Governança Corporativa) para seus programas de ICP (Incentivo de Curto Prazo) e ILP (Incentivo de Longo Prazo). No Brasil, o movimento iniciou de forma mais acentuada ainda no 1º semestre de 2020 em algumas poucas empresas e, hoje, o assunto é discutido de forma mais ampla em diversas organizações.

Outro motivo que fortaleceu este comportamento é o fato de empresas multinacionais já dedicarem atenção maior desde 2015, orientando suas subsidiárias a seguirem o mesmo caminho. Somente nos EUA, cerca de 51% das empresas estão utilizando ou considerando adotar métricas de ESG ao projetar seus pacotes de remuneração de executivos para responsabilizar a liderança pela entrega de metas sustentáveis para seus negócios.

Estudos recentes foram conduzidos e determinaram a prevalência e os tipos de métricas ESG, incluindo fatores ambientais, envolvimento dos colaboradores, cultura da empresa, diversidade e inclusão. Participaram da pesquisa empresas públicas, privadas e sem fins lucrativos dos Estados Unidos e Canadá.

Entre as empresas que usam métricas ESG, aproximadamente 10% a 20% contemplam as metas nos programas de remuneração. Tal movimento abrange não só os executivos seniores, mas também todos os participantes do plano de incentivos. Apesar de seu pequeno peso relativo na determinação de remuneração variável, os planos de incentivos que utilizam métricas ESG podem ser projetados para reforçar o comportamento desejado em toda a força de trabalho de uma empresa.

O ESG deve fazer parte da estratégia de crescimento de empresas de qualquer porte (Imagem: DISRUPTIVO/Unsplash)

Neste sentido, as empresas buscam identificar métricas na gestão de seus negócios, mas normalmente incluem apenas algumas poucas em seus planos de Incentivos de curto e longo prazos.

As métricas do plano de incentivos ESG formam um mecanismo eficaz para sinalizar o que é importante para a organização e para reforçar outros esforços voltados para desenvolver uma cultura que incentive os colaboradores a alcançar as expectativas crescentes de que as organizações operam de forma ambiental e de forma socialmente consciente.

A grande parte das empresas que utilizam métricas ESG são dos setores de Mineração, Metalúrgica, Siderúrgica, Construção Civil, Bancos e Energia. No lado oposto estão os setores de Tecnologia, Securitário e Serviços que não irão considerar o uso de métricas ESG no momento.

As métricas podem variar de setor para setor. As empresas nos segmentos de Metalúrgica, Siderúrgica, Construção Civil e Energia são muito mais propensas a priorizar o ambiental, pois têm modelos de negócios dinâmicos e são cada vez mais dependentes do uso diligente de recursos naturais. O engajamento/cultura dos funcionários é mais prevalente para todos os outros setores, assim como a diversidade e inclusão.

O ESG deve fazer parte da estratégia de crescimento de empresas de qualquer porte. Por seu porte e maior exposição da marca, as grandes companhias abertas e multinacionais saíram na frente ao definirem metas aos seus colaboradores atreladas ao pacote de remuneração. Tal iniciativa provoca uma mudança de comportamento em todos os níveis da organização e demonstra que o ESG deve ser visto como questão de sobrevivência e competitividade nas organizações.

Ronald Bozza é sócio da BR Rating e da Bozza Soluções Estratégicas em Recursos Humanos, membro independente do Comitê de Pessoas e ESG e da Comissão de Pessoas do IBGC.

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