Rombo na Americanas (AMER3): Com ‘diversos riscos’, XP coloca recomendação sob revisão
Após anunciar na noite desta quarta-feira (11) que encontrou uma “inconsistência contábil” de R$ 20 bilhões, a Americanas (AMER3) deverá sofrer uma debandada na revisão de tese de investimento por bancos e casas de análises. A começar pela XP, que colocou a cobertura das ações da companhia “sob revisão”.
“Dada a falta de visibilidade sobre o que de fato aconteceu e os impactos efetivos a serem observados nas demonstrações financeiras da companhia”, comentam os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, acrescentando que o fato relevante divulgado pela varejista traz “diversos riscos para a tese” da companhia.
Americanas e possível caixa negativo
Para a equipe da XP, o rombo de R$ 20 bilhões, em análise preliminar, deverá resultar em um possível “caixa negativo”. Apesar da companhia destacar que espera que os impactos em caixa sejam imateriais, os analistas acreditam que o anúncio possa implicar em três efeitos negativos.
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“Maior alavancagem, dado que o endividamento da Americanas pode aumentar dependendo dos ajustes em seu balanço patrimonial. Um maior custo de dívida e deterioração do capital de giro, na qual a companhia poderá ter problemas em manter em dia o pagamento a fornecedores, em razão de um ciclo de caixa pior”, explicam.
Saída de Rial da Americanas e riscos judiciais
O CEO da Americanas, Sérgio Rial, que não chegou a completar dez dias no cargo, renunciou após identificar a tal “inconsistência contábil”. Para a equipe da XP, Rial era um pilar importante para sustentar o processo de transformação da companhia, devido a seu histórico de execução, gestão focada na redução de custos e credibilidade com o mercado.
“Sua saída pode ser vista pelos investidores como um alerta de mais riscos à frente”, destacam. Rial anunciou sua saída da presidência do banco Santander (SANB11) no fim de julho de 2022 e dias depois foi anunciado como novo CEO da Americanas.
Por fim, a XP alerta que, dado que a Americanas tem recibos de ações (ADRs) negociados nos Estados Unidos, há riscos de processos judiciais, observado em casos semelhantes em que os acionistas minoritários foram prejudicados por decisões dos executivos, a exemplo da JBS (JBSS3) e IRB (IRBR3).
Os ADRs fecharam os negócios em Nova York com um tombo perto de 30% após o comunicado da varejista ao mercado.