Rombo da AMER3 é 200x maior que mensalão, 3x maior que impacto do petrolão na Petrobras
Desde que a Americanas (AMER3) anunciou inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões, no último dia 11 de janeiro, o rombo da companhia só cresce. No pedido de recuperação judicial, feito cerca de uma semana depois, a empresa anunciou que tem uma dívida de pouco mais de R$ 41 bilhões com quase 8 mil credores diferentes.
A maior dívida da Americanas com um banco é com o Deutsche Bank, devendo R$ 5,2 bilhões. Além disso, a situação contábil da varejista impactou outros mercados.
As maiores chocolateiras do Brasil estão entre as líderes dos credores do setor alimentício da Americanas. A Nestlé, por exemplo, tem a receber R$ 259 milhões, enquanto a Mondelez aparece com duas contas, uma de R$ 93,085 milhões e de R$ 4,776 milhões.
Dimensão do rombo
Mas a dimensão do valor da dívida e das inconsistências contábeis da Americanas pode ficar mais clara quando comparada com outras situações, em números absolutos.
O mensalão, esquema de desvio de dinheiro para compra de apoio político durante o primeiro governo Lula, movimentou ao menos R$ 101,6 milhões em valores na época, segundo apurou a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União.
Foi o maior escândalo político do país. Ainda que sem ajustar o valor para os dias atuais, o mensalão é cerca de 200 vezes menor do que o rombo que a Americanas noticiou o mercado.
Já o petrolão, investigado na Operação Lava Jato, chegou a desviar R$ 42,8 bilhões, conforme apurou a Polícia Federal em 2015. O esquema envolvia desvios de dinheiro através da Petrobras (PETR4) para fins políticos.
A própria estatal registrou, na época, um rombo de R$ 6,2 bilhões em seus balanços. Ainda assim, o valor apurado pela Petrobras é 3,2 vezes menor do que o da Americanas.
Em contrapartida, considerando-se o valor calculado pela PF à época, o petrolão é 2,14 vezes maior em relação ao rombo da varejista.
Fortuna de um homem só
Apesar das dimensões do rombo parecerem grandes quando comparado aos casos de corrupção famosos no Brasil, o problema contábil da Americanas é menor até mesmo que a fortuna do homem mais rico do país.
Jorge Paulo Lemann, acionista há mais de 40 anos da Americanas, perdeu cerca de R$ 2 bilhões com a derrocada de 75% da varejista no dia seguinte à notícia.
Contabilizada a queda do dia, a fortuna de Lemann passou a ser avaliada em US$ 15,9 bilhões (em torno de R$ 80 bilhões). Ou seja, a fortuna dele ainda é quatro vezes o tamanho do rombo, e duas vezes o tamanho da dívida.
Neste período, o bilionário foi tido como a 105ª pessoa mais rica do mundo.
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