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Rodolfo Amstalden: Sua ação preferida foi pega no teste do bafômetro

23 jul 2019, 17:43 - atualizado em 23 jul 2019, 17:43

Por Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research

Logo após cada baforada mensurada pelo mercado, existe sempre uma chance de que o preço de determinada ação caia ou suba.

Em termos práticos, como fazemos para calcular essa chance?

É impossível calcular com exatidão, mas isso não nos impede de extrair alguns insights valiosos sobre a dinâmica dos preços.

As cotações em Bolsa se comportam como se trilhassem um passeio aleatório – popularmente conhecido como O Andar do Bêbado – ou, para os leitores mais nerds, um movimento browniano.

Depois da saideira, quando seu parceiro de copo levanta da mesa do bar e inicia o passeio embriagado da madrugada, o mapa de probabilidades do próximo passo se parece com o de uma curva em formato de sino.

O pedaço mais alto dessa curva fica centralizado junto à cotação atual (no caso, estamos ilustrando uma ação que vale 100 reais).

Nesse pico de probabilidades, aos 100 reais, incorporando todas as informações disponíveis, a probabilidade de ação cair ou subir no instante seguinte é a mesma, de 50%.

Isso significa também que o cenário mais provável de primeiro passo sugere que o preço imediatamente a seguir será quase idêntico ao preço atual – algo como 99 reais se a saideira desceu quadrada ou 101 reais se desceu redonda.

Mas agora imagine o seguinte: no mesmo momento em que seu amigo vai tentando se levantar, você é abordado pela garota simpática da mesa ao lado.

Talvez ela percebeu que vocês enfim pagaram a conta e decidiu botar todas as fichas em uma última oportunidade de conversa potencialmente engajante.

Ou talvez você tenha pisado no pé dela ao se levantar, nunca saberemos.

O que sabemos é que, independente de qualquer infortúnio ortopédico, a garota demonstrava bom humor e a conversa entre vocês engatou, de tal forma que você perdeu seu amigo de vista depois que ele deu o primeiro passo rumo aos 99 reais.

What you see is all there is.

Enquanto você explica para a garota (Mariana? Angélica?) que aquele bar tem, de longe, o melhor sanduíche de pernil da região, seu parça vai acumulando passos.

À medida que ele se distancia aleatoriamente da mesa de bar, aquele sino original de pico elevado nos 100 reais vai se achatando rapidamente.

Cada vez mais, suas caudas esquerda e direita vão ficando gordas, muito gordas.

O que isso significa?

Significa que seu camarada se perdeu na noite, em algum lugar entre a sarjeta e o cobertor.

E significa também que as probabilidades de eventos financeiros extremos aumentaram exponencialmente.

Aqueles 100 reais agora podem virar 50 reais ou até mesmo 200 reais.

Limitada por uma ótica de curtíssimo prazo (apenas o instante seguinte), a maioria dos investidores só enxerga o sino alto e magro, ignorando as probabilidades de eventos extremos.

No entanto, são essas probabilidades extremas que realmente mandam no mercado.

Elas fazem as piores ações irem direto para a sarjeta, e fazem também nossas Melhores Ações da Bolsa alcançarem ganhos potencialmente extraordinários.

Até a próxima!

Rodolfo Amstalden

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