Opinião

Rodolfo Amstalden: Então vou falar um pouco sobre a última coisa

07 nov 2018, 12:25 - atualizado em 07 nov 2018, 13:09

Por Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research

Dizem que há seis coisas importantes que estão minimamente sob o nosso controle e determinam largamente nossa qualidade de vida:

1) As comidas que comemos.

2) As bebidas que bebemos.

3) As atividades físicas que fazemos.

4) As horas que reservamos para dormir.

5) Os relacionamentos que cultivamos.

6) Os ativos nos quais investimos.

Como a escolha de assunto para o Day One não figura na lista, joguei um dado não viciado aqui e caiu no número seis.

Então vou falar um pouco sobre a última das seis coisas: alocação de ativos.

Mas sem aquele papinho de pizza multimercados.

Sem essa de quatro queijos, sem essa de meia aliche e meia portuguesa.

Em vez disso, vamos imaginar que minha pizza, hoje, é inteira de ações.

Vamos de 100 por cento mozzarella, capisce? Pizza roots.

Aliás, ao contrário do que pregam os gurus financeiros, eu acho que quanto mais o investidor amadurece, mais ele é capaz de aumentar o peso de ações no seu portfólio.

Mas esse é um assunto para outro Day One…

Em geral, o que acontece com as ações? Há mais ou menos 60 por cento de correlação entre elas.

Por mais que PETR4 pareça ser uma coisa e ITUB4 pareça ser outra bem diferente, há uma irmandade muito forte aí.

Existem mais semelhanças do que diferenças entre as ações.

Todas elas rezam a cartilha do Kit Brasil. Algumas rezam logo ao acordar, outras rezam antes das refeições e outras ainda na hora de dormir. Mas todas fazem a mesma oração.

Nesse contexto, de 60 por cento de correlação, é possível demonstrar estatisticamente que não há grandes efeitos de diversificação em se carregar mais do que 12 a 15 ações no portfólio.

E 60 por cento é meio que a média. Um rali pós-eleitoral do novo governo, tal como investigado diariamente em nossos Bootcamps, pode jogar esse percentual para cima, até uns 80 por cento, por exemplo.

Estava lembrando disso por conta de uma conversa recente.

Ele – Rodolfo, me consola aqui, por favor. Perdi esse rali eleitoral. Todos os meus amigos ganhando grana com o Bootcamp de vocês e eu tô zerado em Bolsa.

Eu – Não acredito. Por que um cara como você não investe ainda em Bolsa?

Ele – Pois é, sou um sujeito meio indeciso, sabe? Tem muita ação por aí. O Felipe vive dando dica nova. Não consigo decidir qual ação comprar primeiro.

Eu – Então tá fácil: não decida. Começa comprando BOVA11, SMAL11 e só depois você pensa em stock picking. O rali que você acha que perdeu na verdade só começou.

Ou, como diria meu antigo treinador do pré-mirim:

Primeiro você se comporta direito, ajuda a marcar, toca a bola, transpira a camisa e garante lugar no time pro jogo de sábado.

Depois a gente pensa se você vai ser lateral direito ou centroavante.

O investidor pode ser tão arrojado quanto quiser alocando ativos.

No fundo, porém, tudo merece ser bastante raso. Com ideias simples de mozzarella, qualquer pessoa consegue extrair enormes benefícios da tal da pizza.

O centroavante rola a bola para o lateral direito, que vem de trás… e é gol. Um dos gols mais famosos da história das Copas.

O que é simples é bonito também.

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