Colunista Empiricus

Rodolfo Amstalden: Como ter um “momento eureka” em finanças?

03 fev 2022, 14:34 - atualizado em 03 fev 2022, 14:34
(Imagem: Divulgação/ Empiricus)

A Economia é uma ciência social. Isso significa que, quase sempre, os grandes insights financeiros se manifestam de forma coletiva, e não individual. Cabe ao indivíduo ser astuto para pegar carona nos coletivos que rumam para o lugar certo e — sobretudo — evitar aqueles que partem para os lugares errados.”

Em 1843, o matemático irlandês William Hamilton estava dando um rolezinho com sua esposa por Dublin quando teve uma epifania.

De repente, ele enxergou a peça que faltava para descrever como se daria a relação tridimensional entre unidades imaginárias (i, j, k).

Foi assim que a definição original de número complexo, até então expressa sob a simples combinação de a + bi, evoluiu para o conceito de quaternion: a + bi + cj + dk.

Estupefato pela surpresa da visão, e com medo de perdê-la tão rápido quanto surgiu, Hamilton achou por bem rabiscar as fórmulas na pedra da ponte em que estava atravessando.

Com isso, a humanidade ganhou um jeito legal de resolver problemas complexos de rotação 3D, e também um novo ponto turístico: a Ponte Brougham, no Royal Canal.

A história da Matemática está cheia desses episódios de brilhantismo, nos quais um cérebro genial dá luz espontânea ao “momento eureka”.

Parece funcionar bem para os matemáticos, mas funciona menos para os financistas.

Os financistas tentam copiar os matemáticos (assim como tentam copiar os físicos), em busca de rompantes de epifania na identificação de teses originais de investimento.

Muito mais fácil seria se concentrar para respirar o ar que deseja chegar aos pulmões.

A Economia é uma ciência social. Isso significa que, quase sempre, os grandes insights financeiros se manifestam de forma coletiva, e não individual. 

Cabe ao indivíduo ser astuto para pegar carona nos coletivos que rumam para o lugar certo e — sobretudo — evitar aqueles que partem para os lugares errados.

Se você é um dos quatro leitores recorrentes do Day One (oi, mãe!), deve se lembrar do que o Felipe escreveu, dias atrás, sobre o Brasil como a alternativa “menos pior” entre os emergentes.

O mesmo argumento apareceu na US Sales Letter “BZ – Only Game In Town”, e também na noticiada fala de Luis Stuhlberger durante o evento do CS.

Não cabe aqui comparar os interlocutores, tampouco acusá-los mutuamente de plágio. São apenas mensageiros síncronos de algo maior. Nothing is stronger than an idea whose time has come.

Há um novo consenso se formando. 

Em um exercício de humildade, podemos escolher acompanhá-lo. 

Em um exercício de genialidade, podemos continuar passeando por aí, em busca de uma ponte bonita, a qual mereça ser transformada em ponto turístico. Não há muitas no Brasil.