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Rodolfo Amstalden: Foco na bola que o jogo é de bull market

24 nov 2019, 17:41 - atualizado em 24 nov 2019, 17:42
B3 Mercados
“Não tem risco de fuga de dólar do Brasil, por motivo muito simples. O dólar que sai do Brasil vai fugir para onde? Para a Argentina?” (Imagem: B3/Youtube)

Por Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research

Quem estava no aniversário de dez anos da Empiricus gostou de ouvir a dica do André Esteves para os empresários e investidores brasileiros: “foco na bola”.

Como eu sei que a plateia gostou? Ora, as pessoas riram quando ele disse isso. Normalmente, as pessoas riem quando gostam de alguma coisa.

Esteves passou o recado básico de que hoje é muito fácil se distrair por aqui (e também nos EUA e China).

Se você lê jornais demais, aprecia manchetes demais, acaba concluindo que a economia está em péssima situação, nunca vamos sair do buraco. Bolsa é pra baixo.

Assim como o atacante há nove jogos sem marcar.

Prestando excessiva atenção nas ofensas vindas da arquibancada superior, são dez jogos sem marcar, banco, Série B com a Ponte Preta no ano que vem.

Focando na bola, são três gols de redenção, música no Fantástico, cai nas graças de Jesus.

Quer prova cabal disso? Qual é a torcida que mais nos provoca em campo?

Sob quaisquer critérios objetivos do investidor que foca na bola, essas notícias do Clarín e La Nación são piada, perigosa distração contra o bull market tupiniquim.

No entanto, para o investidor que foca na torcida, já começa a dar medo, tudo fica muito mais confuso.

Afinal, é fato que vivemos instabilidade institucional e política.

Fato também que o leilão do pré-sal micou (embora tenha sido ótimo para Petrobras).

E ninguém tem dúvidas sobre o incômodo déficit fiscal brasileiro. Inclusive, acabamos de aprovar uma reforma da previdência justamente por causa disso.

Não tem risco de fuga de dólar do Brasil, por motivo muito simples. O dólar que sai do Brasil vai fugir para onde? Para a Argentina?

“Ah, vai fugir para a Suíça!”.

Bem que eu queria, mas não estamos ainda no ponto de competir com a Suíça.

Veja você que os jornais suíços não estampam manchetes sobre a desvalorização do real.