Eleições 2018

Roda Viva alavanca visibilidade de Bolsonaro no Twitter

01 ago 2018, 10:07 - atualizado em 01 ago 2018, 10:16

Um monitoramento realizado pela FGV DAPP no Twitter mostra como a sabatina no Roda Viva, da TV Cultura, impulsionou a presença online do pré-candidato à presidência do PSL Jair Bolsonaro. De acordo com a pesquisa, as menções ao deputado federal chegaram a 717.308 tuítes entre as 20h de segunda (30) e as 8h de terça (31), cerca de 60 mil tuítes por hora.

Entre as hashtags mais utilizadas, #bolsonaronorodaviva esteve presente em 33% das menções, e parte delas tende a direcionar críticas aos jornalistas. A #rodaviva foi citada em 27% das postagens e usada em críticas às falas do pré-candidato.

(FGV DAPP)

O volume registrado em 12 horas é equivalente a cerca de 65% das menções sobre o presidenciável computadas nos sete dias anteriores (de 23 a 29 de julho). O pico de referências ocorreu por volta das 23h, quando foram registradas aproximadamente 40% das menções e uma média de 4,6 mil tuítes por minuto.

A instituição também disponibilizou um mapa mostrando as orientações políticas e ideológicas dos grupos que mais mencionaram o militar:

(Fonte: Twitter/FGV DAPP)

As interações motivadas pela entrevista de Jair Bolsonaro no “Roda Viva” geraram dois principais grupos de discussões, com posições opostas no debate. O maior deles, em laranja no mapa a seguir, agregou mais de 54,2% das contas em interação e é composto de perfis que se posicionam de forma contrária ao deputado federal. O segundo maior grupo, em verde, tem cerca de 26% dos perfis e demonstra apoio a Bolsonaro. Também foram identificados dois grupos menores (rosa e cinza), com quase 5% dos perfis, cada. A presença de robôs não foi significativa na análise.

O grupo laranja é menos coeso que o verde e apresenta perfis heterogêneos. De forma geral, o grupo laranja critica fortemente o deputado por causa de seus posicionamentos, considerados pelos usuários como preconceituosos. Por conta disso, houve fortes críticas relacionadas à sua exaltação da ditadura. O tuíte mais compartilhado no grupo ridiculariza uma fala de Bolsonaro na qual o deputado disse que os portugueses “nem botavam o pé na África”. O segundo tuíte com maior destaque foi o primeiro de uma sequência de mensagens criadas por um escritor e publicitário que dá dicas de como derrotar Bolsonaro nas eleições de 2018. Muitas postagens no grupo também ironizam os conhecimentos do deputado federal e dizem que ele não deveria concorrer à Presidência, e sim estudar para o ENEM dada a sua suposta falta de conhecimentos gerais.

O grupo verde, por sua vez, demonstra apoio a Bolsonaro e é composto majoritariamente de perfis alinhados à direita. O grupo exalta a performance do deputado na sabatina e direciona críticas aos entrevistadores do programa — citam especialmente a fala de uma das entrevistadoras sobre voto impresso e o uso Wikipedia como fonte por outro. Os usuários defendem ainda as posições do pré-candidato a respeito das minorias e ironizam aqueles que buscam soluções menos autoritárias para a segurança. Parte das publicações do grupo também demonstra apoio a Bolsonaro por oferecer uma contraposição à esquerda no país.

Em proporção muito menor, o grupo cinza demonstra preocupação sobre como o jornalismo tem lidado com Bolsonaro, o que, segundo os usuários, poderia culminar na eleição do pré-candidato. No principal tuíte do grupo, um usuário reclama da ênfase das perguntas nas controvérsias de Bolsonaro, e não em suas propostas, o que daria força para o pré-candidato, que sabe responder sobre polêmicas, mas não falar de forma concreta sobre o futuro. Já o grupo rosa demonstra oposição a Bolsonaro de forma similar ao grupo laranja, mas com um debate puxado primordialmente pelo perfil @sincerojesuis, que faz postagens em tom jocoso contra Bolsonaro.