Robôs investidores: Como ganhar bastante dinheiro sem cair em roubadas
Muito se fala sobre operação em bolsa de valores por meio de robôs investidores. Mas, se realmente funcionam, por que alguém ofereceria a solução por preços quase simbólicos?
A questão é que, mesmo a operação por robôs mais simples, pode representar um ganho significativo de performance para o investidor.
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Em primeiro lugar, o impacto emocional é minimizado. A estratégia que foi definida com paciência, estudo e simulações, fora do ambiente do mercado, pode ser aplicada até mesmo num cenário de mercado estressado; quando a chance de erros humanos ocorrerem aumenta significativamente.
Por outro lado, esse ganho de performance não necessariamente significa rentabilidade, muito menos a rentabilidade almejada por quem procura operar em prazos mais curtos, como no caso de swing trade e day trade.
Um robô eficiente não é aquele que dispõe de dezenas de parâmetros customizáveis ou de um arsenal vasto de indicadores. Eficiência leva a resultado, e resultados positivos custam tempo, esforço, muito estudo e dinheiro.
Robôs investidores funcionam?
Bons robôs passam muitos meses ou até mesmo anos na bancada, sendo testados em ambiente simulado, aprimorados.
Muitas versões serão descartadas ao longo do caminho, e nada pode garantir que uma estratégia que funcione no papel tenha uma performance equivalente no mundo real.
Estima-se que a chance de ocorrerem erros operacionais, testes de margem antes da abertura de posição, gestão de risco e exposição desejável, cálculos relativos à volatilidade do mercado, desempenho em diferentes janelas de tempo e classes de ativos, possam acontecer.
A lista é longa, e é aí que está o principal custo de desenvolvimento de um robô confiável.
Aqueles que se interessam por operações automatizadas podem iniciar com um robô convencional de análise técnica, simulando estratégias famosas ou aquelas já utilizadas pelo investidor em suas operações. Isso permitirá, antes de tudo, validar e aprimorar a estratégia.
Cruzamento de médias móveis é relevante para antecipar uma mudança nos movimentos de um ativo? O que é melhor, IFR ou estocástico? Quais períodos? Tudo isso pode ser testado de forma objetiva, já que o robô não será influenciado pelo conhecimento que todos nós temos “do futuro”.
Você sabe o que são backtests?
Qualquer operação que sugerisse compra de Petrobras (PETR4) no início de 2015 estaria certa. A questão é, seria possível prever esse movimento antes de ele de fato ocorrer?
Isso leva a outro ponto crítico para a confiabilidade de um robô, os backtests. A qualidade do protocolo de testagem de um robô é determinante da confiabilidade da estratégia.
Backtests utilizam diferentes “versões” de uma mesma estratégia repetidas vezes sobre um mesmo histórico de preços para sugerir quais versões seriam as mais eficientes. O grande problema é que alguns vendedores de milagre param nesta etapa, expondo o investidor ao risco de curve fitting.
Em outras palavras, a versão vencedora não será aquela que melhor performou num cenário de preços desconhecidos, mas, sim a que se adequa a uma série de dados estáticos e já conhecidos.
Daí a importância de se combinar backtesting com forward testing, expondo todas as estratégias vencedoras a um novo histórico de preços não analisado na etapa anterior.
Isso garante a performance na prática? Não, mas é o primeiro passo que leva ao descarte de estratégias inteiras. Protocolos de testagem são complexos e sua execução leva tempo.
Robôs investidores customizados
Uma vez que o investidor esteja familiarizado com a lógica por trás de operações automatizadas, e esteja, acima de tudo, cético com relação à possibilidade de um robô realizar milagres, o próximo passo é encomendar o desenvolvimento de um robô customizado.
Aqui, é absolutamente fundamental que o desenvolvedor esteja familiarizado não só com a linguagem de programação escolhida, sobretudo com o mercado em que o robô irá operar.
A plataforma escolhida será aquela em que o investidor esteja mais confortável para analisar sua estratégia. Algumas soluções frequentes costumam ser Meta Trader 4 e 5, Python, R, Matlab e Excel, que podem ser integradas de formas muito eficientes e confiáveis.
Encontrar um desenvolvedor competente nos dois lados do balcão – software e mercado – não é tarefa fácil.
Converse com um assessor de investimentos e peça indicação de profissionais que tenham um histórico de sucesso junto a outros investidores. E, acima de tudo, duvide de resultados astronômicos, preços simbólicos e margens mínimas irreais.
Há um robô para cada perfil de risco e disponibilidade de capital, mas, como disse Milton Friedman, Nobel em Economia, “não existe almoço grátis” (“there is no free lunch”).
*Daniel Abrahão, novo colunista do Money Times, possui mais 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e “difícil” do mercado para facilitar a vida do investidor.