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Risco nos contratos de café é quase zero para trás e para frente na Expocaccer

11 jun 2021, 12:14 - atualizado em 11 jun 2021, 12:36
Colheita Café Agricultura Agronegócio
Café de plano, colhido à máquina, em área maiores, formam o grosso da Expocaccer (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Quando cresce o temor de que poderá haver algum comprometimento dos contratos de entrega de café pela quebra que se consolida ainda em safra começando, de onde vem o maior risco, do produtor para a cooperativa, ou da cooperativa para a frente?

No caso específico da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), tanto para trás quanto para frente, o risco é mínimo.

De primeiro destaque, os cooperados dessa região do Alto Paranaíba de Minas Gerais não estão integralmente comprometidos com a cooperativa. No máximo, entre 30% e 40% da produção é entregue para a Expocaccer, de acordo com Simão Pedro Lima, diretor-superintendente.

Ao contrário das demais cooperativas do setor, mais antigas, onde o grau de dependência é muito mais elevado, em até 100% na maioria dos casos. Produtores pequenos dependem mais do sistema.

Grosso modo, as 1,1 milhão de sacas que deverão ser recebidas nos armazéns de Patrocínio (1,6 milhão em 2020) representam aqueles percentuais em relação à soma da produção dos cerca de 650 associados na safra atual.

O risco, portanto, da Expocaccer no atendimento de seus contratos de venda é muito menor.

Lima explica que a característica produtiva da região gerou naturalmente essa condição. As áreas produtivas dos fazendeiros são maiores – quase a totalidade em terrenos planos, favorecendo a colheita mecânica -, além de um grau bastante diferenciado em diversificação de produtos.

“Sim, certamente poderão ocorrer alguns problemas de produtores que poderão ter quebra de safra maior do que o volume negociado, mas para nós [cooperativa] o risco é bem mitigado”, garante.

A Expocaccer só armazena, prepara e comercializa. Não vende insumos. Não há travas para nenhum dos lados. “O produtor usa a cooperativa para fazer hedge”, diz o diretor-superintendente, salientando outra diferenciação.

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Safra

A estimativa no âmbito regional é de 35% a 40% menor que na safra 19/20 – números alinhados ao Brasil todo -, numa média entre volume e produtividade, e considerando áreas cujos pés foram “esqueletados” e áreas novas.

Simão Pedro Lima registra que essa previsão vem desde a florada de 2020 e mesmo que a seca de março e abril tenha ajudado, não fugirá muito do planejado.

Quanto à qualidade, há o temor, mas aqui também ele lembra que as áreas produtivas maiores, na comparação com boa parte do café produzido no Sul de Minas, por exemplo, ainda escondem a realidade. Tanto pode ter “partes” boas como ruins, da mesma maneira que a quebra de volume não é também uniforme entre as propriedades ou nas mesmas propriedades.

Ainda se verá mais a frente. Por enquanto, 15% dos cerca de 200 mil hectares foram colhidos na primeira passada das máquinas.