‘Risco Lula’ diminuiu? PETR4 e BBAS3 estão do lado dos vencedores da Bolsa; veja o que esperar do 2º semestre
As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3) têm superado as expectativas dos mais pessimistas e entregado um bom desempenho no ano – o primeiro do governo Lula 3, inclusive.
Os papéis da petroleira (ordinários e preferenciais) avançaram mais de 20% nos primeiros seis meses de 2023. Enquanto isso, o bancão disparou 43,2%, entregando uma performance que supera com folga os pares privados.
Alguns fatores explicam o que está por trás da valorização das estatais. Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, cita os bons resultados do primeiro trimestre.
Já Anand Kishore, gestor na Daycoval Asset, aponta que tanto a Petrobras quanto o Banco do Brasil estão descontados em relação a outras empresas de seus respectivos setores, o que acaba chamando a atenção dos investidores – principalmente estrangeiros, no caso da empresa de óleo e gás.
Porém, o que se tem percebido é que o cenário parece menos “radical” do que o mercado estava desenhando desde a definição das eleições.
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‘Risco Lula’ menor?
O mercado começou o ano com mais cautela, incerto de como deve ser a condução das empresas nos próximos anos.
Segundo Kishore, investidores pesaram um cenário bastante negativo para a Petrobras e suas novas políticas de precificação de combustíveis e dividendos. No caso do Banco do Brasil, o temor maior estava na postura que a nova gestão da companhia, agora sob o comando de Tarciana Medeiros, passaria a adotar.
No entanto, o gestor avalia que as sinalizações das empresas e do governo parecem menos radicais em relação ao que se esperava.
A nova política de precificação de combustíveis da Petrobras, que estabelece o fim da subordinação dos valores ao preço de paridade de importação e passa a ter como referências o custo alternativo do cliente como prioridade e o valor marginal para a Petrobras.
“É uma mudança que, na nossa opinião, não foi 100% radical. Não é ideal, mas também não é péssima”, defende Kishore.
No caso do Banco do Brasil, agentes do mercado levantaram o risco de interferência política com a chegada da nova presidente. No entanto, Medeiros sinalizou uma postura mais dirigente na questão de oferta de crédito.
“O temor era que o governo usasse o Banco do Brasil como instrumento de crescimento econômico, dando crédito de uma maneira menos dirigente, e a nova CEO deixou claro que isso não deve acontecer”, explica Kishore.
“Esse é o principal temor, que não está 100% dissipado, mas diminuiu bastante”, completa o gestor da Daycoval.
O que esperar do segundo semestre
Existem ainda alguns pontos que os investidores precisam monitorar no que diz respeito à Petrobras. A empresa ainda precisa definir seu plano estratégico. Sobre isso, o mercado quer entender a dimensão dos investimentos da petroleira.
A alocação de mais investimentos em energias renováveis pode ser um risco, segundo Kishore. Apesar de muitos investidores gostarem da estratégia, dúvidas sobre a rentabilidade dos projetos persistem.
Há também a expectativa envolvendo a nova política de dividendos da estatal. Na avaliação de Kishore, se o payout se mostrar menor que 50%, o papel deve sofrer pressões baixistas.
No caso do Banco do Brasil, as atenções recaem sobre a entrega de resultados. A companhia apresentou números fortes no ano passado e tem potencial para repetir a dose em 2023.
Harada, da Blackbird, está um pouco mais positivo com o BB, que tem conseguido mostrar um bom controle de custos e inadimplência em relação a outros nomes do setor bancário.
“Com Banco do brasil estou um pouco mais positivo. O ativo ainda segue descontado. Não tem tantos pontos de riscos quanto a Petrobras. Até vejo potencial de upside (alta) maior por conta da consistência dos resultados que vem apresentando e pela postura da presidente”, afirma.
Para a Blackbird, a visão em relação à Petrobras é neutra, considerando mais as possíveis mudanças na estratégia da empresa, com riscos de intervenção ainda pesando sobre o nome, do que a forte correção nos preços do petróleo nos últimos meses.
Por fim, Harada e Kishore levantam um risco que envolve as duas estatais e também precisa ser monitorado nos próximos meses: a possível mudança na Lei das Estatais, sancionada no governo Temer com o intuito de fortalecer a governança de empresas controladas pelo Estado. Segundo Harada, a falta de visibilidade sobre o tema ainda é muito grande. Já Kishore destaca que o risco não está 100% dissipado.