Risco é mais importante que rentabilidade

Normalmente, investidores são seduzidos pela rentabilidade de determinado ativo. Um equívoco, é preciso deixar claro. Não basta olhar apenas para o retorno.
Antes de mais nada, é fundamental considerar o RISCO — em maiúsculas, para que fique bem evidente a você, caro leitor.
Afinal, se apenas o retorno importasse, atividades como tráfico de drogas, prostituição, exploração de crianças e mulheres, jogos de azar como o “jogo do tigrinho”, COEs ou criptomoedas e suas inúmeras variações seriam, indiscutivelmente, os melhores negócios do mundo.
O problema reside justamente no risco. Mas há uma questão ainda mais profunda: poucos sabem, de fato, o que significa risco. Se perguntarmos a dez pessoas, provavelmente teremos dez definições diferentes.
Aqui vai uma que considero útil: “Risco é aquilo que acontece quando você já pensou em tudo.” Assim, ter um fundo que supera com folga os índices de referência, assumindo significativamente menos risco, configura, sim, um excelente investimento.
Uma maneira prática de avaliar essa relação é analisar o VaR e a volatilidade. Para quem não está familiarizado, VaR significa Value at Risk, ou Valor em Risco, em português.
Trata-se de uma ferramenta amplamente utilizada no mercado financeiro para mensurar o risco de perdas em um investimento. A volatilidade, por sua vez, é um conceito mais disseminado e refere-se à variação dos retornos de um ativo.
Quer um exemplo de VaR? Imagine que um investidor detenha um portfólio de ações avaliado em R$ 1 milhão, e o VaR tenha sido calculado em R$ 50 mil, com um nível de confiança de 95% para um horizonte de um dia.
Isso significa que existe uma probabilidade de 95% de que a perda máxima diária não ultrapasse R$ 50 mil. Contudo, permanece uma chance de 5% de que a perda supere esse valor.
No caso da volatilidade, pensemos em duas empresas: “A” e “B”. A empresa A apresenta baixa volatilidade (retornos mais estáveis), enquanto a empresa B exibe alta volatilidade (retornos mais imprevisíveis).
Embora a maior volatilidade da empresa B sugira um potencial elevado de ganhos, também indica maiores riscos de perda. Já a empresa A, com retornos mais consistentes, tende a ser percebida como menos arriscada.
Sendo assim, podemos usar o VaR para determinar a perda máxima esperada ao investir na empresa A ou B.
Além disso, a volatilidade ajuda a interpretar o comportamento do preço das ações, podendo influenciar na decisão de assumir ou evitar determinados riscos.
Obviamente, a avaliação de VaR e volatilidade não é suficiente. Quem perguntar se funciona sempre, em qualquer situação, a resposta é não.
No entanto, sem dúvida, são ferramentas valiosas para o processo de decisão. Prazo importa, o processo de investimento importa, a experiência do gestor e outras análises qualitativas também são essenciais — especialmente em momentos de crise, quando a vivência faz toda a diferença.
É fundamental que o investidor se familiarize com conceitos como VaR e volatilidade, pois, embora não garantam previsibilidade absoluta, ajudam a tornar o cenário um pouco mais claro.
Afinal, não é possível antecipar tudo, mas é crucial incorporar o maior número possível de variáveis à tomada de decisão.