Mercados

Risco de recessão começa a respingar nas commodities; hEDGEpoint prevê demanda mais fraca

30 jun 2022, 14:45 - atualizado em 30 jun 2022, 14:45
Minerio de Ferro
Sentimento em relação à demanda por commodities está ficando “progressivamente mais fraco” em função dos juros altos, destaca hEDGEpoint (Imagem: Reuters/Tim Wimborne//File Photo)

Protagonistas no primeiro semestre do ano, as commodities foram fortemente impactadas pelo início do conflito direto entre Rússia e Ucrânia.

Diversas commodities chegaram a atingir patamares recordes de preços devido ao desequilíbrio causado pela guerra na cadeia de suprimentos global.

Porém, o que se tem visto ultimamente é uma reversão de tendência que pode ficar ainda mais acentuada à medida que países ao redor do mundo elevam suas taxas de juros.

Segundo o hEDGEpoint Global Markets, o sentimento em relação à demanda por commodities está ficando “progressivamente mais fraco” em função dos juros altos.

“O aumento das taxas de juros tem historicamente incentivado os participantes do mercado a cortar suas posições compradas em futuros e opções”, destaca o analista de Energia e Macroeconomia Heitor Paiva, em relatório divulgado nesta semana.

O equilíbrio entre oferta e demanda é o fator mais importante para os preços de uma commodity, mas existem outras variáveis que são relevantes para a dinâmica do setor, explica Paiva.

“É o caso das taxas de juros, que afetam diretamente a forma como os participantes do mercado enxergam o futuro da economia e, em última instância, a demanda por estes ativos”, diz.

Risco de recessão

O mundo vive o temor de uma recessão global, com o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, tendo que correr para acompanhar o ritmo de alta da inflação no país.

O sentimento dos mercados já reflete essas preocupações. No Brasil, por exemplo, o Ibovespa (IBOV) perdeu na última semana os 100 mil pontos e caminha para fechar junho no pior patamar mensal desde maio de 2020.

A hEDGEpoint lembra que, historicamente, o aumento dos juros pelo Fed tem precedido as recessões.

“Esta incerteza pode fazer com que os consumidores gastem menos e economizem mais, diminuindo a demanda por bens que normalmente são derivados de commodities”, comenta Paiva.

Além disso, taxas de juros mais altas encarecem o crédito. Isso quer dizer, destaca Paiva, que as indústrias que precisarem de mais investimentos para aumentar seus suprimentos poderão adiar suas decisões de gastos.

Dólar surge como aposta mais atrativa

Em movimento contrário a cortes de posições de compra em commodities, pode-se começar a observar agora um movimento por apostas de alta no dólar (Imagem: Pixabay/HeungSoon)

O dólar tem mais notoriedade em momentos de elevação de juros. A moeda norte-americana recentemente ganhou força, limitando o desempenho em ativos ligados a commodities.

Segundo Paiva, em movimento contrário a cortes de posições de compra em commodities, pode-se começar a observar agora um movimento por apostas de alta no dólar.

“As altas taxas de juros normalmente incentivam os especuladores a vender suas posições no mercado de commodities e a exporem mais aos títulos do tesouro. Como resultado, as condições financeiras e os preços das commodities são negativamente correlacionados – especialmente agora, pois o sentimento em relação ao futuro da economia (portanto, a demanda por commodities) está ficando progressivamente mais fraco”, conclui o analista.

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