Risco de recessão começa a respingar nas commodities; hEDGEpoint prevê demanda mais fraca
Protagonistas no primeiro semestre do ano, as commodities foram fortemente impactadas pelo início do conflito direto entre Rússia e Ucrânia.
Diversas commodities chegaram a atingir patamares recordes de preços devido ao desequilíbrio causado pela guerra na cadeia de suprimentos global.
Porém, o que se tem visto ultimamente é uma reversão de tendência que pode ficar ainda mais acentuada à medida que países ao redor do mundo elevam suas taxas de juros.
Segundo o hEDGEpoint Global Markets, o sentimento em relação à demanda por commodities está ficando “progressivamente mais fraco” em função dos juros altos.
“O aumento das taxas de juros tem historicamente incentivado os participantes do mercado a cortar suas posições compradas em futuros e opções”, destaca o analista de Energia e Macroeconomia Heitor Paiva, em relatório divulgado nesta semana.
O equilíbrio entre oferta e demanda é o fator mais importante para os preços de uma commodity, mas existem outras variáveis que são relevantes para a dinâmica do setor, explica Paiva.
“É o caso das taxas de juros, que afetam diretamente a forma como os participantes do mercado enxergam o futuro da economia e, em última instância, a demanda por estes ativos”, diz.
Risco de recessão
O mundo vive o temor de uma recessão global, com o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, tendo que correr para acompanhar o ritmo de alta da inflação no país.
O sentimento dos mercados já reflete essas preocupações. No Brasil, por exemplo, o Ibovespa (IBOV) perdeu na última semana os 100 mil pontos e caminha para fechar junho no pior patamar mensal desde maio de 2020.
A hEDGEpoint lembra que, historicamente, o aumento dos juros pelo Fed tem precedido as recessões.
“Esta incerteza pode fazer com que os consumidores gastem menos e economizem mais, diminuindo a demanda por bens que normalmente são derivados de commodities”, comenta Paiva.
Além disso, taxas de juros mais altas encarecem o crédito. Isso quer dizer, destaca Paiva, que as indústrias que precisarem de mais investimentos para aumentar seus suprimentos poderão adiar suas decisões de gastos.
Dólar surge como aposta mais atrativa
O dólar tem mais notoriedade em momentos de elevação de juros. A moeda norte-americana recentemente ganhou força, limitando o desempenho em ativos ligados a commodities.
Segundo Paiva, em movimento contrário a cortes de posições de compra em commodities, pode-se começar a observar agora um movimento por apostas de alta no dólar.
“As altas taxas de juros normalmente incentivam os especuladores a vender suas posições no mercado de commodities e a exporem mais aos títulos do tesouro. Como resultado, as condições financeiras e os preços das commodities são negativamente correlacionados – especialmente agora, pois o sentimento em relação ao futuro da economia (portanto, a demanda por commodities) está ficando progressivamente mais fraco”, conclui o analista.
Siga o Money Times no Instagram!
Conecte-se com o mercado e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre as notícias que enriquecem seu dia! Sete dias por semana e nas 24 horas do dia, você terá acesso aos assuntos mais importantes e comentados do momento. E ainda melhor, um conteúdo multimídia com imagens, vídeos e muita interatividade, como: o resumo das principais notícias do dia no Minuto Money Times, o Money Times Responde, em que nossos jornalistas tiram dúvidas sobre investimentos e tendências do mercado, e muito mais… Clique aqui e siga agora nosso perfil!