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Risco de impasse político no Brasil joga contra reformas estruturais nos próximos anos, diz Moody’s

29 set 2022, 15:25 - atualizado em 29 set 2022, 15:42
Moody's
“O próximo governo enfrentará perspectivas de baixo crescimento e pressões contínuas sobre a acessibilidade da dívida pública dada uma orientação contracionista da política monetária”, acrescentou a Moody’s no relatório (Imagem: REUTERS/Mike Segar)

A agência de classificação de risco Moody’s Investors Service disse nesta quinta-feira esperar perspectivas de enfraquecimento da agenda de reformas estruturais brasileira nos próximos anos devido a um projetado aumento do impasse político em meio a riscos ao teto de gastos e aos efeitos da política monetária contracionista na dívida.

Em relatório, a agência diz não prever uma “reversão material” da política econômica ou alterações significativas nos regulamentos existentes pelo governo a ser eleito, mas cita percepção de que o risco de aumento de intervenção em setores-chave, como petróleo e gás, pesaria na confiança dos investidores e diminuiria a atividade econômica nos próximos anos.

“O próximo governo enfrentará perspectivas de baixo crescimento e pressões contínuas sobre a acessibilidade da dívida pública dada uma orientação contracionista da política monetária”, disseram os analistas Samar Maziad, Serra Battal e Mauro Leos no relatório.

Os profissionais avaliaram que a incerteza continuará elevada no Brasil até as eleições, mas ponderou que seu cenário básico não incorpora “grandes interrupções pós-eleitorais”.

“Uma transição suave de poder é fundamental para manter a força de crédito. Uma intervenção nas eleições não estaria de acordo com nossa nota ‘baa3’ para a força de governança e das instituições no Brasil e levaria a uma grande erosão da confiança dos investidores, reduzindo a estabilidade política e econômica.”

Dentro do cenário-base da agência, os riscos fiscais permanecerão contidos desde que o amplo cumprimento do teto de gastos continue, deixando a fatia da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 85%. A Moody’s admite, contudo, a possibilidade de ajustes no instrumento.

“O próximo governo enfrentará o desafio de equilibrar múltiplos objetivos: manter a disciplina fiscal, manter a confiança do investidor e apoiar um crescimento mais forte. Uma fraca credibilidade da política fiscal exacerbaria todos esses desafios.”

A Moody’s atribui nota “Ba2”, com perspectiva estável, para o Brasil, enquanto Standard and Poor’s e Fitch Ratings consideram nota “BB-“. As três classificações estão no chamado grau especulativo, deixando o Brasil na lista de países mais arriscados para investimento.

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