Rio Tinto inicia busca de novo CEO para reconstruir reputação
A Rio Tinto busca um novo líder para reconquistar a confiança das comunidades onde possui atividades de mineração, depois que o antigo CEO Jean-Sebastien Jacques foi obrigado a renunciar devido à destruição de um sítio aborígene.
A Rio Tinto anunciou na sexta-feira que Jacques e dois outros executivos seniores deixarão a empresa em meio à pressão de investidores e grupos indígenas por medidas mais contundentes e de responsabilidade sobre as explosões que devastaram um sítio arqueológico de 46 mil anos em maio.
A empresa havia planejado apenas aplicar penalidades financeiras aos executivos, mas a medida se mostrou insuficiente em um momento em que investidores e ativistas exercem cada vez mais influência.
“O dano à reputação foi enorme e agora eles precisam trabalhar para reconstruir a confiança”, disse Camille Simeon, gestora de investimentos da Aberdeen Standard Investments, com sede em Sydney, que possui ações da Rio Tinto e administra ativos no valor de cerca de US$ 563 bilhões.
A Rio Tinto, com sede em Londres, segunda maior mineradora do mundo, está analisando opções internas e externas para um novo CEO e priorizará candidatos com as habilidades para reconstruir a reputação manchada da empresa, disse o presidente do conselho, Simon Thompson, em entrevista por telefone na sexta-feira.
“Eles terão que assumir a responsabilidade por um processo que durará meses, senão anos, de restaurar a confiança em nossa capacidade de gerenciar comunidades e patrimônio com eficácia, e esse será um dos critérios-chave”, afirmou.
Confira alguns dos possíveis candidatos para assumir o comando da Rio Tinto cogitados por investidores e analistas:
Tom Palmer, Newmont
O CEO da Newmont passou duas décadas na Rio Tinto antes de migrar para uma das maiores mineradoras de ouro do mundo e é bem-visto pelo conselho. Palmer, de 52 anos, é australiano, formado em Melbourne, e foi diretor de operações da unidade de minério de ferro da Rio Tinto.
Bold Baatar, Rio Tinto
Baatar é visto como um dos principais candidatos internos ao cargo principal. Nascido na Mongólia, é ex-banqueiro de investimentos, tendo trabalhado no JPMorgan Chase antes de entrar na Rio Tinto em 2016.
Baatar comanda a unidade de energia e minerais da empresa e também supervisiona a unidade de acordos Ventures. Baatar é visto como um pensador estratégico, cujas responsabilidades incluem mapear quais commodities serão cruciais para o futuro da empresa.
Peter Beaven, BHP
Beaven, atual diretor financeiro da maior rival da Rio Tinto, planeja deixar a BHP no fim do ano. Ele foi visto por muito tempo como o favorito para conseguir o cargo mais importante na BHP, antes de Mike Henry assumir o comando no início do ano. Nascido em Portugal, morou em outros países como África do Sul.
A BHP também tem grandes operações de minério de ferro na Austrália Ocidental, por isso o ex-banqueiro está familiarizado com as operações da Rio Tinto na região, além de ser conhecido por investidores e políticos.
Sandeep Biswas, Newcrest Mining
Biswas é CEO da maior mineradora de ouro da Austrália há seis anos. Como Palmer, é ex-funcionário da Rio Tinto, tendo trabalhado para a empresa na Austrália e no Canadá.
Graham Kerr, South32
Kerr é CEO da South32, uma mineradora diversificada que foi separada da BHP em 2015. O australiano foi diretor financeiro da BHP antes de ser escolhido para comandar o novo negócio e há muito tempo apontado como candidato potencial para comandar a maior mineradora do mundo. Atualmente mora em Perth, no oeste da Austrália, onde está localizada a unidade de minério de ferro da Rio Tinto.