Rio Tinto destaca desafios para fornecer minério para China
A Rio Tinto alertou que os embarques de minério de ferro este ano devem ficar no limite inferior da previsão da empresa, enquanto a maior produtora mundial e rivais buscam atender à forte demanda das siderúrgicas na China.
A mineradora com sede em Londres disse na sexta-feira que o chamado guidance para embarques anuais de minério, de 325 milhões a 340 milhões de toneladas, está sujeito a uma série de riscos, como problemas causados pela Covid-19, bem como a gestão de questões de patrimônio cultural e minas de substituição. No segundo trimestre, as cargas da Rio Tinto caíram 2% em relação aos três meses anteriores.
A demanda por aço da China cresceu 5% no primeiro semestre de 2021, impulsionada pelo forte crescimento nos setores de construção e automotivo do país, de acordo com o relatório de junho da Rio Tinto.
A empresa disse que a oferta tem enfrentado obstáculos para acompanhar o aumento da demanda por minério, já que o fornecimento de grandes produtores está abaixo das expectativas.
Em Cingapura, os futuros do minério atingiram máximas históricas acima de US$ 230 a tonelada em maio, mas o mercado foi marcado pela volatilidade no primeiro semestre, pois as medidas da China para esfriar o boom das commodities coincidiram com o compromisso do governo de controlar a produção da indústria de aço.
Embora surjam riscos de demanda no maior produtor mundial de aço, investidores também estão de olho na oferta.
Kaan Peker, analista de mineração da RBC Capital Markets, disse em relatório que a menor produção de minério de ferro pode melhorar as expectativas em relação à commodity, “embora os fracos embarques do setor no segundo trimestre sejam uma das razões pelas quais o minério já esteja em cerca de US$ 220 a tonelada”.
A Rio Tinto observou que o crescimento econômico da China “tem se tornando mais equilibrado com o enfraquecimento da demanda relacionada ao estímulo e o aperto do crédito”. Em junho, a China registrou menor produção de aço pela primeira vez este ano depois do volume recorde no mês anterior, rumo a um período de menor demanda no verão chinês.
A queda pode sinalizar um período mais prolongado de produção mais baixa, já que o governo de Pequim busca reduzir as emissões do setor altamente poluente, limitando a oferta abaixo dos níveis recordes do ano passado.
A Rio Tinto também enfrenta crescente pressão de custos com a escassez de mão de obra na Austrália Ocidental e aumento dos preços dos combustíveis.
A empresa elevou a previsão de custos unitários em suas operações de minério de ferro em Pilbara para entre US$ 18 e US$ 18,50 a tonelada em relação a US$ 16,70 e US$ 17,70 anteriormente. No entanto, embora esses problemas possam afetar os resultados no futuro, a expectativa ainda é que a Rio Tinto registre o maior lucro no primeiro semestre em mais de uma década quando divulgar balanço em 28 de julho, de acordo com o RBC.
A recuperação da demanda por aço no resto do mundo pode ajudar a compensar uma possível desaceleração na China.
Segundo a Rio Tinto, o consumo global cresceu 15% no primeiro semestre. A confiança das empresas tem aumentado nos EUA e na Europa, à medida que as restrições causadas pela pandemia são atenuadas, embora o avanço da variante delta seja um risco para a recuperação econômica.