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Rio Grande do Sul caminha para ser 2º em soja do Brasil em 20/21, superando Paraná

25 mar 2021, 19:30 - atualizado em 25 mar 2021, 19:30
Soja
O especialista disse que, com o atraso no plantio o que resulta agora em um início mais tardio da colheita cerca de 50% da soja (Imagem: REUTERS/Jorge Adorno)

Com uma safra de soja estimada em recorde de 20,2 milhões de toneladas, contando com condições climáticas favoráveis e um aumento na área plantada em 2020/21, o Rio Grande do Sul caminha para voltar a ser o segundo Estado produtor da oleaginosa no país, superando o Paraná, que enfrentou alguns problemas de seca e chuvas excessivas na colheita.

Mais do que uma mudança no ranking entre esses dois produtores do Sul, algo raro na história recente, a boa safra do principal produto de exportação brasileiro ocorre em momento em que os preços estão em patamares elevados, o que deverá colaborar também para uma melhora da economia gaúcha após perdas expressivas pela seca na colheita da temporada passada.

“Como janeiro foi extremamente favorável, conseguimos ter esse belo resultado… Temos que celebrar pela valorização dos produtos… vivemos um momento ímpar, isso nos dá um alento muito grande”, disse o diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri, durante live para apresentar os números de safra nesta quinta-feira, quando também o Paraná divulgou números oficiais de produção.

Segundo ele, o clima foi “generoso” em janeiro, com chuvas abundantes em mês chave para determinar a produtividade da cultura, após o Estado ter sido levado a atrasar o plantio em dezembro, devido à seca que reduziu o potencial produtivo do milho.

O especialista disse que, com o atraso no plantio o que resulta agora em um início mais tardio da colheita cerca de 50% da soja ainda precisa de umidade.

Mas ele disse ter “convicção de que a estimativa de super safra deverá se confirmar”, já que não há prognóstico de estiagem ou chuvas excessivas para esta última fase do ciclo.

Rugeri disse que a temporada 2020/21 no Rio Grande do Sul será marcada ainda pelo fato de a área plantada ter superado pela primeira vez 6 milhões de hectares, registrando um crescimento de 1,56% ante a temporada anterior.

Assim, a produção deverá dar um salto de 80% na comparação com o ciclo passado, quando a seca dizimou as plantações.

A produtividade média, que crescerá 76,6% ante o ano anterior, atingirá 3.326 quilos por hectare, sendo a segunda maior da história, atrás apenas de 2017/18 (3.385 kg/ha), segundo os dados da Emater.

A façanha dos gaúchos ocorre apesar de o Paraná prever colher uma de suas melhores safras, estimada nesta quinta-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral) em 20,09 milhões de toneladas, leve redução na comparação com o número de fevereiro (20,34 milhões).

A colheita do Paraná, onde o plantio tradicionalmente começa mais cedo, já superou 75% da área plantada (Imagem: Reuters)

A produtividade média do Paraná está agora em 3.599 kg/ha, ainda acima da vista no Rio Grande do Sul, que plantou cerca de 500 mil hectares a mais do que o Paraná.

O economista do Deral, Marcelo Garrido, destacou que a safra do Paraná será boa, apesar de alguns problemas climáticos, especialmente porque os preços estão excelentes.

“O produtor colhe uma safra menor, mas com preços melhores”, afirmou, concordando que a colheita deste ano, com a produtividade do ano passado, poderia ter superado 21 milhões de toneladas.

A colheita do Paraná, onde o plantio tradicionalmente começa mais cedo, já superou 75% da área plantada, enquanto no Rio Grande do Sul os trabalhos para retirar os grãos dos campos tinham atingido 10% do plantio total, com atraso de 29 pontos percentuais ante a safra anterior.

Os trabalhos de colheita no Paraná deslancharam mais recentemente, após chuvas excessivas que também tiveram algum impacto nos volumes colhidos. Antes, no desenvolvimento da lavoura, o Estado sofreu com precipitações pouco regulares.

Paraná e Rio Grande do Sul, que só perdem para o Mato Grosso no ranking da produção de soja, deverão responder nesta safra por cerca de 30% da colheita nacional, oficialmente estimada em recorde de 135 milhões de toneladas.

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Fluxos Portuários

No passado, a alteração no ranking de produção teve impacto nos fluxos portuários e nos volumes exportados da oleaginosa por cada Estado.

Em 2019 (safra 2018/19), quando os gaúchos superaram os paranaenses na produção de soja pela primeira vez em mais de 20 anos, os portos do Rio Grande do Sul exportaram mais soja que os do Paraná (11,6 milhões de toneladas versus 9,6 milhões de toneladas pelos portos paranaenses), algo raro.

Já em 2020, quando a safra gaúcha sofreu severas perdas pela seca, a exportação de soja pelo Rio Grande do Sul somou 8,46 milhões de toneladas, enquanto a exportação brasileira via Paraná atingiu 13,4 milhões de toneladas, conforme números do Ministério da Agricultura.

Em 2021, contudo, as safras do Rio Grande do Sul e do Paraná são equivalentes, ainda que os gaúchos devem colher um pouco mais.