Economia

Rio foi o estado mais afetado no mercado de trabalho na pandemia

05 jul 2021, 17:07 - atualizado em 05 jul 2021, 17:07
O estudo apontou que entre as pessoas mais beneficiadas com a possibilidade de mudar os locais de trabalho foram as da classe AB (Imagem: Tania Rêgo/Agência Brasil)

O Rio de Janeiro foi o estado que sofreu mais impacto no item ocupação no mercado de trabalho no primeiro ano da pandemia. De acordo com o estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social/CPS), a queda no emprego entre o quarto trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020 foi de 14,28%. Nos últimos três meses de 2019 era de 44,2% e no quarto trimestre de 2020 passou para 37,89%.

A unidade da federação que teve a menor queda foi Alagoas (1,2%). O estudo foi realizado a partir do processamento de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnadc), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os empregados ocupados, o estado do Rio de Janeiro também foi onde houve maior mudança de local de trabalho (19,55%). São Paulo foi o quarto estado que mais teve mudança no local de trabalho (11,32%).

“A pessoa está exercendo a mesma atividade em outro local. O Rio [de Janeiro] foi tão afetado porque é a unidade da federação que tem a maior proporção de idosos, enquanto São Paulo é a terceira. Então, tem uma população vulnerável, que tem que ser protegida. Com a notícia de que a vacinação está chegando, a gente vai ver o efeito inverso daqui para frente”, explicou o diretor do FGV Social e coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o diretor da FGV, ainda que algumas pessoas tenham se incomodado com o fato de ficar trabalhando de casa por um período tão longo em consequência do isolamento, de positivo é que não precisaram se deslocar e houve ganho de eficiência. Além disso, conseguiram manter a vaga, o que não foi possível para a parcela de trabalhadores informais.

“Onde a ocupação caiu mais foi no setor de alojamento e alimentação. Foi o mais afetado de todos no Rio de Janeiro, porque teve isolamento social, e nesse caso é mais grave, não só porque o setor é muito afetado pela pandemia, mas não tem direitos trabalhistas e fica sem proteção sobre a própria perda de emprego”, disse Neri.

O estudo apontou que entre as pessoas mais beneficiadas com a possibilidade de mudar os locais de trabalho foram as da classe AB (27,03%). Já entre os pobres, o percentual era muito menor, de 7,96%. Entre os funcionários públicos eram 34,81%, nos empregadores, 21,17%, em empregados formais 20,05% e nos autônomos 14,27%. Por escolaridade, as pessoas com diploma superior eram 40,06% contra 6,71% daqueles com fundamental incompleto.

Para o professor, o Rio e São Paulo, principalmente o Rio, foram os locais mais impactados com a pandemia em termos de mercado de trabalho. “Em relação à ocupação, o grande efeito da pandemia foi até maior do que o efeito de desemprego, que foi importante, mas mais geral do que isso é a pessoa não ter trabalho formal ou informal e está em idade ativa”, observou.

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