Ricardo Baraçal: Câmbio e Inteligência Artificial – o que esperar para o futuro?
De alguns anos para cá, a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser algo pertencente ao universo dos filmes ficção científica. Aos poucos, essa tecnologia está evoluindo e caminhando para protagonizar uma grande revolução, que deverá impactar a sociedade de maneira similar à chegada da internet.
A inteligência artificial possibilita que máquinas aprendam através de experiências e realizem tarefas da mesma maneira que seres humanos. Essa tecnologia já está sendo utilizada por empresas para diversas finalidades. Facilitar trabalhos de rotina e modernizar processos industriais são algumas das soluções de IA mais populares na atualidade.
As primeiras pesquisas relacionadas a Inteligência Artificial foram iniciadas na década de 50, e exploraram temas como a resolução de problemas e métodos simbólicos. Uma década depois, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DOD) começou se interessar pelo tema e passou a treinar computadores para reproduzir o raciocínio humano básico.
Já em 2003, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA), também coordenada por pesquisadores e militares americanos, desenvolveu os primeiros assistentes pessoais inteligentes. Isso, muito antes de se cogitar o surgimento desse tipo de tecnologia, atualmente presente em smartphones, como a Siri, Cortana e Google Assistant.
Esses projetos pioneiros abriram espaço para o automatizar máquinas e desenvolver o raciocínio eficiente que conseguimos perceber nos computadores atuais. A partir disso, as possibilidades do uso dessa tecnologia para melhorar o desempenho econômico de empresas também começaram a ser implementadas.
Hoje em dia, qualquer setor da economia pode apresentar demanda por IA. Alguns exemplos são: sistemas de perguntas e respostas utilizados para assistência jurídica, busca de patentes, gestão e alertas de risco, entre outros. Outros usos de inteligência artificial incluem:
- Soluções de gestão de saúde, com recomendações para exercício, hora de alimentar-se, tudo que envolva disciplina;
- No caso de lojas e varejo em geral, com sugestões de compras complementares, informação de estoque e ofertas de meios de pagamentos alternativos com base na tendência e comportamento individual;
- Nos eventos esportivos, com base no mapeamento territorial dos jogos e melhor disposição tática de suas equipes.
Ainda existem muitos desafios que precisam ser considerados para uma implementação correta desta tecnologia nos negócios, inclusive no câmbio. Para que a Inteligência Artificial faça sentido e reverta o investimento em resultado efetivo, é muito importante termos dois pontos muito bem determinados e levados em conta:
- O acúmulo de dados e informações de forma organizada para sua correta utilização: os sistemas aprendem com a interpretação de dados de forma organizada e isso precisa ser executado sem falhas e com disciplina para que tudo funcione;
- A especificidade dos sistemas: eles são desenhados para executar tarefas específicas, para que sejam eficientes de fato.
Dados estes pontos, é fácil prever que o câmbio poderá aproveitar tudo que essa tecnologia tem a oferecer. Com a inclusão da Inteligência Artificial nos seus processos, o segmento de câmbio, ainda tão carente por inovação, conseguirá melhorar sua performance e, ainda, obter economias.
Por exemplo, essa tecnologia poderá ser utilizada para a correta análise de recorrência de remessas por naturezas de operação e até para sugerir a um cliente o momento ideal de operar. Com esse poder em mãos, qualquer companhia poderá criar um mundo de oportunidades que hoje se perdem. Realizar uma análise em tempo real da correlação da flutuação das cotações de cada moeda com o aumento de demanda para abordar clientes na hora certa pode, igualmente, abrir um novo flanco de atividade comercial, incluindo cross-sell de produtos de seguros, turismo, educacionais e outros associados.
Enfim, o caminho ainda é longo, mas muito promissor. Tenho a certeza de que esta é uma das ferramentas que vão ditar o futuro do câmbio em todo o mundo. Quem sair na frente, ainda poderá reverter o status quo da elevada concentração em grandes bancos, que inegavelmente favorece a morosidade e altos custos.