RH automatizado da Amazon deixa funcionários em licença no limbo
Quando testou positivo para o Covid-19, Tony Banks comunicou a Amazon.com imediatamente. Mais de um mês depois, Banks está se recuperando, mas sente cansaço e falta de ar, que dificultam fazer a maioria das atividades físicas.
Ele diz que não está em condições de voltar ao trabalho no depósito de Indiana, onde caminha vários quilômetros em cada turno.
Em algum lugar do departamento de recursos humanos da Amazon que já estendeu sua licença médica uma vez, Banks é visto como um funcionário que deixou o emprego.
Nas últimas semanas, a empresa iniciou duas vezes um processo de rescisão automática contra ele por faltar ao trabalho.
“Entendo que deve estar sobrecarregado no momento”, diz Banks. “Mas, por todos recursos que eles têm, é quase uma operação familiar.”
Depois de enfrentar problemas de atrasos nas entregas e absenteísmo em massa durante as primeiras semanas da pandemia, a Amazon tem outro problema: um departamento de recursos humanos mal preparado para atender às milhares de solicitações recebidas de funcionários doentes e daqueles que precisam ficar em casa para cuidar dos filhos ou parentes idosos.
Não está claro quantos funcionários estão no limbo, mas a Bloomberg conversou com seis deles que trabalham em unidades de Nova Jersey a Indiana.
Eles dizem que esperam pagamentos pelo tempo em licença médica ou em quarentena, que foram escalados para turnos quando estavam doentes ou tiveram a licença negada, apesar de fornecer documentação das condições que os tornam elegíveis para ficar em casa sem remuneração, segundo a Amazon.
Muitas empresas enfrentariam obstáculos em meio a esta emergência sem precedentes, dificultada pela resposta ineficaz do governo federal a uma pandemia que infectou mais de 1,8 milhão de pessoas e matou mais de 100 mil nos EUA.
Ao mesmo tempo, governos estaduais enfrentam uma enxurrada de pedidos de seguro-desemprego.
Mas o modelo do departamento de RH da Amazon reflete os pontos fortes e fracos da cultura da empresa. É altamente automatizado, o que ajuda a Amazon a crescer rapidamente e reduzir custos. Mas, atualmente, os funcionários se veem em becos sem saída com chatbots e aplicativos para smartphones.
A Amazon diz que Banks, o funcionário sob risco de rescisão, não deveria ter recebido as notificações e que estas foram enviadas pois ele não teria apresentado provas de sua condição ao solicitar a prorrogação da licença.
“Estes são tempos sem precedentes, e estamos trabalhando rapidamente para apoiar nossos funcionários, parceiros e fornecer serviços críticos às comunidades carentes”, disse Lisa Levandowski, porta-voz da Amazon, por e-mail.
“Criamos 175 mil empregos em toda a América, aumentamos os salários, ajustamos as opções de folga, apenas para citar alguns exemplos, para apoiar centenas de milhares de funcionários que trabalham em nossas unidades. Como todas as empresas, estamos nos adaptando rapidamente para apoiar nossas equipes.”