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Revolução das vacas: A aposta de José Carlos Grubisich, ex-Braskem (BRKM5), na pecuária de leite

12 jun 2025, 12:40 - atualizado em 12 jun 2025, 12:49
José Carlos Grubisich leite pecuária leiteira
(Foto: Divulgação)

O empresário José Carlos Grubisich, que atuou como CEO da Braskem (BRKM5) entre 2001 e 2008, e também da Eldorado Brasil, de 2012 a 2017, tem na pecuária de leite o seu investimento mais robusto.

O agora sócio-proprietário da Verdana Agropecuária, com propriedades em São Paulo e Mato Grosso do Sul, aposta na produção de leite no interior paulista, um investimento focado na alta tecnologia e genética. Ele também conta projetos na área de agricultura e produção de carne.

“Estamos acoplando um plantel de gado girolando ¾, a partir do cruzamento de ¾ de sangue Holandês e ¼ de sangue Gir Leiteiro. Um plantel de nível genético muito elevado e um projeto que combina produção de leite, geração de caixa no dia a dia. É quase um centro de tecnologia, inovação e conhecimento”, disse, em entrevista ao Money Times.

A ideia é incorporar produtividade, competitividade e ferramentas de gestão dentro do projeto para acelerar o ganho de produtividade das vacas, a partir de uma genética diferenciada.

“Na base desses girolandos ¾, nós vamos fazer todo o processo de reprodução com embriões sexados de fêmea. O que isso significa? Você acelera a criação do plantel com vacas de alta capacidade de produção, sendo todas fêmeas. A porcentagem de machos é muito pequena porque o sêmen sexado já vem com uma garantia muito alta de eficiência. Com isso, melhoramos a qualidade e isso vai permitir construir um plantel para produzir 20 mil litros de leite por dia”.

Na primeira fase do projeto, que deve se estender até o fim de 2025, a Verdana espera produzir 10 mil litros de leite por dia. Quando a produção atingir 20 mil litros por dia, a expectativa é de produzir 7,5 milhões de litros de leite por ano, o suficiente para atender 50 mil pessoas anualmente, segundo dados da OMC (Organização Mundial do Comércio).

O investimento (e o retorno) do leite

Grubisich explica que assim que o plantel estiver pronto, será possível vender embriões, bezerras, matrizes e vacas em produção para terceiros que querem fazer um projeto de crescimento no leite.

“Além disso, vamos usar todas ferramentas genômicas para poder entender o potencial de cada uma desses animais para realmente focar naqueles animais que têm um alto potencial de desenvolvimento genético”.

A intenção da Verdana é catalogar e monitorar dados genéticos e de produtividade a partir do uso da Inteligência Artificial (IA).

“Em algum momento do primeiro semestre de 2026, nós começamos a fazer um novo compost barn, que deve nos permitir chegar em 20 mil litros por dia até o fim de 2026 e começo de 2027. A partir deste momento, já começamos a vender genética, o que agregaria na rentabilidade e no retorno do projeto”.

A expectativa é de um faturamento de R$ 60 milhões nessa etapa da produção, sendo 60% vindo da venda do leite e 40% da venda de genética.

“Vamos ter uma prova de eficiência alimentar dessas novilhas, vamos entender quem converte melhor silagem em produção de leite, ganho de peso, uma série de dados que vai passar na ‘máquina de moer carne’ da IA para entender melhor todas essas correlações, o que eu acredito que vai acelerar muito o processo de seleção genética. Você ganha em volume e qualidade ao mesmo tempo”.

Grubisich dá o seguinte exemplo: A partir da coleta do embrião de 10% das vacas mais produtivas, será possível transferir esse embrião para os outros 90% dos animais.

O momento atual do investimento

O empreendimento, que começou entre maio e junho de 2024, já conta com produção de 4 mil litros de leite por dia, um sinal rápido do retorno projetado pelo empresário.

“Quanto atingirmos 20 mil litros de leite, podemos eventualmente passar para 30 mil ou 40 mil litros diários. Projeto bom e rentável não tem limite”.

Na sua visão, o consumo de leite, a partir dos derivados como iogurte e queijos, está crescendo de forma bastante rápida, sendo esse um mercado de alto valor agregado.

“No leite, não dá para ter projeto pequeno. Produtores tradicionais produzem em torno de 80 mil – 90 mil litros de leite por dia. É preciso ter escala, produtividade, vacas muito boas e bem-estar animal. Estamos aliando todas essas tecnologias para entender como elevar a produção de girolando, uma vaca tropical. Os EUA e Europa tem bastante experiência no gado holândes, algo que não temos no girolando”.

Para ele, é preciso uma revolução da raça girolando no Brasil nos próximos 10 anos, algo parecido com o que aconteceu com o Nelore no país.

“Eu acredito que a Vitrine Tecnológica do Leite da Verdana vai ser um exemplo entre muitos que vão acontecer por aqui, de fazer um gado girolando de alta produtividade com resistência ao ambiente tropical brasileiro e com a possibilidade depois de exportar para a América Latina para a África, para países de clima tropical. O Brasil tem todas as condições de ser líder nesse processo de desenvolver conhecimento, melhorar a raça e disponibilizar isso para os países tropicais do mundo”.

Grubisich está a caminho da Europa, mais precisamente França e Holanda, para acompanhar instalações e ver um pouco de genética.

“Vou fazer uma visita para ver os projetos mais interessantes, tentar buscar alguma inspiração e usar algumas referências boas aqui para a gente poder, eu não digo copiar, mas customizar para a realidade brasileira”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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