Eleições 2022

Revisão do teto, corte de gastos, novos impostos: o que esperar no pós-eleição

23 out 2022, 9:00 - atualizado em 21 out 2022, 14:38
Lula eleições
Independentemente de quem vença a corrida eleitoral, uma coisa é certa: a crise econômica mundial, a retirada de liquidez dos mercados e a inflação global persistente serão os principais desafios do próximo governo. (Imagem: TV Band)

O mercado está ansioso para o dia 30 de outubro. Afinal, é quando o Brasil descobre se segue para um segundo mandato de Jair Bolsonaro (PL) ou se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta para o seu terceiro mandato.

Independentemente de quem vença a corrida eleitoral, uma coisa é certa: a crise econômica mundial, a retirada de liquidez dos mercados e a inflação global persistente serão os principais desafios do próximo governo.

“Na economia brasileira, o grande desafio será a continuidade da redução do desemprego e melhoria nos índices de consumo e renda da população, uma vez que os aumentos temporários nos auxílios se encerraram e a manutenção destes deverá ser muito bem pensada para não aumentar ainda mais o risco fiscal”, destaca Caio Canez de Castro, especialista em investimentos da GT Capital.

A questão fiscal é a que mais preocupa o mercado. João Lucas Moreira Pires, doutorando em Sociologia Política na Universidade do Minho, aponta que o déficit no orçamento público que se aproxima de R$ 250 bilhões.

“Na prática, isso significa que o próximo presidente terá de enviar um ou mais projetos que gerem ganhos de arrecadação, o que em 99% dos casos é aumento ou criação de novos impostos”, afirma.

Ele ainda lembra que, somado ao aumento de imposto, tem de ocorrer uma redução de gastos, em especial de gastos tributários.

Vale lembrar que o teto de gastos é a principal divergência entre os candidatos, que não chegaram a apresentar um substituto para a atual ferramenta.

No próximo ano a arrecadação não deverá ser tão acima do esperado como em 2022, por isso um controle rígido das contas públicas será muito necessário. O teto de gastos será a “régua” de avaliação do futuro governo.

“O compromisso com o teto de gastos ajudará a manter a taxa de juros e demais indicadores econômicos estáveis e será o sinal para os mercados doméstico e internacional de que o Brasil está reduzindo efetivamente o risco fiscal”, diz Caio.

De 31 de outubro a 31 de dezembro

A reação do mercado no dia seguinte ao pleito pode ser da mais variada. A vitória de Lula, por exemplo, já está precificada e Caio afirma que podemos esperar uma leve baixa imediata no índice de ações e uma abertura na curva de juros, porém nada persistente.

Em uma possível eleição de Bolsonaro, não é descartada um fortalecimento do mercado de ações, uma vez que, no pregão após o primeiro turno, o Ibovespa subiu 4,56% e foi registrado um fortalecimento do real frente ao dólar.

Já nos últimos dois meses do ano, os principais fatores que irão influenciar a economia brasileira estão no mercado internacional, com destaque ao aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e a crise energética e política, além da inflação na Europa.

O mercado também deve acompanhar de perto o rumo da inflação. Embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha registrado três quedas seguidas, as expectativas são de novas altas.

Segundo mandato de Bolsonaro

No caso de reeleição de Bolsonaro, a expectativa é de uma gestão com menos turbulência, quando comparado com os seus primeiros quatro anos no poder.

Para o economista da GT Capital, os avanços nos dados de desemprego e consumo de serviços mostram acertos na política econômica tocada por Paulo Guedes. A manutenção do ministro no cargo demonstra a manutenção desta política também.

O segundo governo de Bolsonaro deve ser marcada pela redução de gastos, mas não sem mexer em questões estruturais.

“Isso vai gerar uma série de desconfortos e os setores afetados provavelmente seriam educação e saúde. Essa conclusão é dada aos bloqueios orçamentários feitos no primeiro mandato e por de algum modo serem setores que o presidente vem fazendo diminuição orçamentária nos últimos anos”, destaca João.

Terceiro mandato de Lula

Em caso de vitória do ex-presidente Lula, provavelmente sua equipe econômica tentará um equilíbrio entre aumento de arrecadação e contenção de gastos.

Tanto que pessoas ligadas à equipe do candidato já sinalizaram que o projeto de reforma tributária que tramita no congresso, apresentado pelo deputado Baleia Rossi e desenvolvido pelo Instituto Fiscal Independente, pode ser um caminho para um início da reforma.

Por outro lado, o caminho que o petista deve seguir economicamente ainda é considerado uma incógnita para o mercado. “Ele não vem falando abertamente em relação aos seus planos de governo. Nesse caso, nos baseamos muito no seu histórico, por isso espero um governo mais populista”, Caio.

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