Revisão do Banco Central Europeu não resolverá dilema dos preços de moradia
A revisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) não deve resolver um conflito sobre o tratamento dos preços de moradias nos dados da inflação e, em vez disso, buscará pressionar a agência de estatísticas da Europa a propor uma solução, afirmaram quatro fontes.
O custo da habitação ocupada pelo proprietário é excluído das leituras de inflação. Algumas autoridades, incluindo a presidente do BCE, Christine Lagarde, argumentaram que esses dados, usados para sustentar a política monetária, podem refletir de maneira imprecisa como as pessoas gastam seu dinheiro.
Comentários recentes do economista-chefe do BCE, Philip Lane, e do chefe do banco central alemão, Jens Weidmann, de que a moradia deve ter um peso maior na inflação apenas reforçaram as expectativas de que o BCE usará sua primeira revisão de política monetária desde 2003 para conduzir uma mudança que é defendida há muito tempo.
Mas as fontes, todas com conhecimento direto da discussão, disseram que a questão é muito complicada para ser resolvida rapidamente e que a mudança fazia pouco sentido em uma fase madura do ciclo comercial, quando se espera um alívio na inflação dos preços da habitação.
Como os preços das moradias tendem a subir desproporcionalmente em um boom e cair em uma recessão, eles tendem a amplificar as oscilações nas leituras da inflação. Os dados também são difíceis de coletar e apresentam um longo atraso, tornando a leitura geral menos confiável.
Portanto, o melhor que o BCE pode fazer é pressionar a Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, e o banco provavelmente usará a revisão simplesmente para deixar claro que não está satisfeito com a qualidade dos dados de inflação, disseram as fontes.
Lagarde poderia então usar a revisão, defendida por análises de especialistas, para levar a Comissão Europeia e a Eurostat a agir, mesmo que qualquer mudança leve vários anos acrescentaram as fontes.
Lagarde já disse que, se o BCE achar que faltam dados de inflação, solicitará à Eurostat que faça “trabalho adicional”.
Tanto o BCE quanto a Eurostat se recusaram a comentar.