Reversão do déficit em 2020 pode pressionar minério de ferro
O preço do minério de ferro deve cair em 2020 com a reversão do déficit global e a expectativa de menor demanda, segundo a maior fabricante de produtos de aço especiais da China, previsão que reforça a perspectiva de cotações mais baixas após um ano tumultuado para a commodity.
“Os preços do minério de ferro devem entrar em tendência de queda no ano que vem”, disse em entrevista Liu Wenxue, assistente do presidente e gerente-geral do centro de compras da CITIC Pacific Special Steel Holdings.
Segundo ele, não haverá déficit, enquanto os gastos com aço já atingiram um pico e desaceleraram, disse Liu em Qingdao, acrescentando que a guerra comercial também pode ser um empecilho.
O minério de ferro atingiu o maior nível em cinco anos em julho após cortes de oferta no primeiro semestre no Brasil e na Austrália, o que desencadeou uma disputa por suprimentos entre as usinas.
Desde então, os preços devolveram parte dos ganhos, e há expectativas de novas baixas em 2020 com a redução do déficit. Tanto o Morgan Stanley quanto o Macquarie classificam o minério de ferro entre suas commodities menos preferidas.
“A guerra comercial pode ser uma questão de longo prazo e tem um impacto negativo em todos os países”, disse Liu. Na China, as políticas de restrição do inverno – obrigatórias para a produção de aço com o objetivo de combater a poluição – “são rigorosas e precisamos esperar e ver sua implementação, o que terá um grande impacto no minério de ferro”, disse.
O preço spot de referência foi negociado a US$ 90,80 a tonelada na quinta-feira, depois de atingir US$ 127,15 em julho, de acordo com a Mysteel Global. Em 2019, a média é de cerca de US$ 95, em comparação com menos de US$ 70 em 2018. “Acho que, no próximo ano, os preços do minério de ferro serão semelhantes aos de 2018”, disse Liu.
O mercado transoceânico deverá conseguir um “pequeno superávit” no segundo semestre do próximo ano, com a recuperação da produção da Vale (VALE3) e menor fabricação de aço da China, na avaliação do Morgan Stanley.
O governo da Austrália, o maior exportador de minério de ferro do mundo, previu que os preços sem frete incluso (free on board) cairão para US$ 61,40 a tonelada no próximo ano e US$ 57,50 em 2021. Essa perspectiva deve ser atualizada na segunda-feira.